A Magica Vendedora de Comprimidos

Lá na frente da pracinha, tem uma barraca nova. Bonitinha, colorida, com explosões de muitas formas. Lá se vendem potinhos, bolinhas, pequenas cápsulas. São chamadas comprimidos, pílulas de vários tamanhos.

Lili já passou lá, tinha crises de dor de cabeça. redondinhas

- Tome um pela manha. - disse a moça - pelas próximas duas semanas.

Vovô logo passou lá, queria vitaminas. Levou logo quatro caixinhas, vem azuis, e também do tipo comprida.

Todo mundo só tava falando da "Magica Loja de Comprimidos", mas nem percebiam.

Ontem foi a vez de minha prima, Dani. Precisava emagrecer e a dieta não agia.

Os vizinhos consumiam, sempre que podiam. Agora até nas refeições, tinham sempre comprimidos.

Parecem balinhas, que meus coleguinhas trazem de lanche, algumas tem gostinho, mas não tão ruim como remédio, são difíceis de engolir e não podem ficar na língua muito tempo.

Quando tenho algum problema, mamãe fala pra tomar um. Tem pra dormir, pra passar a dor, pra comer melhor, pra lembrar das coisas... Alguns são tão parecidos, que da pra confundir.

A Lili veio visitar esses dias, agora era o estômago que doía, pra isso tinha um comprimido que na agua derretia. A Dani perdeu peso, mas tomava um pra dormir e vovô com tanta vitamina ficou laranja como giz pra colorir.

Fomos um dia eu e mamãe conhecer essa magica vendedora.

-Pri Pil, muito prazer, em que posso ajuda-lás?

Era uma garota toda maquiada, andava de um lado ao outro, achava as coisas como magica.

Ela tinha solução pra tudo : -Vão querer pra energia? Digestão? Tranquilidade? Dor de garganta quem sabe?

Mamãe ficou até confusa, acabou não levando nada. Disse que a menina era muito agitada.

Eu achei que era magica a vendedora de comprimidos, não dormia, mal comia e não esquecia de nada. Tinha unhas bem compridas e olhos esbugalhados, também uma pele lisa e muito bronzeada. Falava de jeito tranquilo e era muito agitada. Tinha dentes branquinhos e boca muito larga. Estava sempre sorrindo, não parecia irritada. Ficava sempre sozinha, na misteriosa barraca. Comendo comprimidos, um atras do outro sem pausa.

Ela não conversa, nem reclama de nada. Engole mais um comprimido e continua sua jornada, de vender em seus potinhos, ilusões encapsuladas.