Mensagem Ao Céu

Com olhos sempre atentos, mas o coração angustiado, a menina tentava de todas as formas as respostas para as muitas de suas dúvidas. Perguntava à Deus qual a razão de seu sofrimento, de suas ansiedades... suas lágrimas. Pairava em seu semblante de criança, uma nuvem de melancolia, uma espécie de medo, misturado a um leve toque de inocência.

Apesar de seus seis anos, já havia sofrido por uma vida inteira. Seu rosto de criança indefesa carregava as marcas da dor, a dor de nunca ter tido o que mais desejava, o carinho, a compreensão e o amor que qualquer criança tem o direito de possuir. Sua vida fora marcada por fatos muito tristes, que a levaram a amadurecer muito rápido.

Passava os dias pensando em uma forma de fazer com que aquele sofrimento, como num passe de mágica, desaparecesse. Pedia sempre à Deus que a livrasse de todo aquele tormento.

Seus dias eram longos, tristes e sombrios. Tinha que continuar, mesmo sabendo de sua triste realidade.

Sentia-se cansada, exausta de tanto pedir, pedir, e não obter qualquer ajuda dos céus.

Suas forças pareciam se esgotarem, seus medos aumentarem e suas preces nunca eram ouvidas. Decidiu então que deveria mudar sua forma de agir em relação às suas súplicas. Ouvira desde muito pequena, que quando morrêssemos, iríamos para o céu. Então, teve o seguinte pensamento: “Se quem morre vê Deus, então eu devo enviar uma mensagem através de alguém que esteja a caminho do céu.”

Esperou, esperou, mas nada de mensageiro à sua disposição. Quando então ficou sabendo de um cachorro que estava quase morrendo no quintal de sua casa. Então, pensou: “Se ele vai ver Deus, então eu irei enviar uma mensagem por ele.”Foi até o quintal, abaixou-se até que sua boca chegasse até o ouvido do animal. Então disse-lhe baixinho: “Diga à Deus que venha me buscar para ficar junto de minha mãe.”

E assim, sua mensagem foi enviada, e a menina sentiu-se mais aliviada, pois tinha agora a esperança de um dia retornar aos braços de sua querida mãezinha, a qual ela nunca havia conhecido.

Lúcia Polonio
Enviado por Lúcia Polonio em 16/04/2010
Reeditado em 21/10/2021
Código do texto: T2200716
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