2040-12 /15

2040-12-BEBÊ A BORDO

– Maiha! Está nascendo!

– Bravo!

– Agora? O que faço?

– Prenda bem o cordão umbilical junto ao bebê e corte.

– Mas como? Cortar com o quê?

– Com os dentes, meu caro.

Bem! Lá estava eu mordendo desesperado aquela coisa e depois de muito roer, consegui. Dei um nó no que sobrou junto ao bebê.

– O choro! Ele precisa chorar!

– Ta e como faço ele chorar?

– Hora levante pelos pesinhos de cabeça pra baixo e dê uma palmada na bunda. Obedeci e então o malandro soltou o berro. Era um belo garoto. Eu estava trêmulo e exausto. Mas muito feliz por ter conseguido. Talvez este fosse o primeiro bebê a nascer no espaço. Mas agora vinha o pior, como tirar da nave a mãe com a criança? Não seria uma tarefa fácil. Depois de lavar o bebê com a orientação de Alinka que ainda se recuperava, eu o enrolei em uma outra toalha e o entreguei para a mãe. Sentei-me no único espaço possível para pensar sobre a situação.

– Alinka! O que ouve com a nave e onde está o resto da tripulação?

– Bem! Nós somos de Hélios K. Estávamos a dois anos no espaço.

Transportamos matéria prima para fabricação de medicamentos. Nosso planeta sofre com uma pandemia de um vírus fatal há bastante tempo e estes medicamentos são a esperança de reverter o quadro. Nossa nave foi atingida por um meteoro e houve uma explosão. Perdemos todo o combustível. O choque nos tirou da rota e os equipamentos de navegação também foram avariados. Sou engenheira de navegação e tínhamos a bordo, meu marido e um engenheiro mecânico, tentavam consertar o equipamento de navegação, mas foram atingidos por uma chuva de meteoros. Então... Alinka começou a chorar.

– Ok! Falei.

– Dá para imaginar o resto. Vamos tirá-la daqui e veremos como resolver o problema com a nave.

– Você tem trajes espaciais a bordo?

– Sim ali em cima. Felizmente havia dois trajes.

– Rogério! Como fará com o bebê? A preocupação de Maiha era a minha também. Teríamos que esperar um pouco e dar um tempo para que Alinka se recuperasse mais.

– Você está com fome?

– Sim! Ali naquele armário tem pastilhas de nutrientes concentrados. Pegue as embalagens verdes. 2 por favor. A reserva estava se esgotando. Ela não agüentaria muito tempo mais.

– Maiha! O bebê não caberá no traje junto com a mãe. Pretendo usar um outro só para ele. Vai ser complicado, mas não tem outro jeito.

– Você está certo. Você conseguirá. Esperei o bebê mamar, e como mamava!

Alinka sorria feliz. Depois o bebê dormiu e então começou a tarefa mais difícil que eu já enfrentara. Vestir um traje espacial numa mulher naquelas condições. Já era difícil em situações normais. Foi uma tarefa extenuante e depois de muita dificuldade o traje estava um tanto apertado, mas seria por pouco tempo. Assim eu esperava. Agora faltava o bebê e teria que coloca-lo confortável no traje. Apertei bastante o sinto logo abaixo dos pesinhos. Forrei as sobras de espaço com bastante pano e toalhas. Regulei o oxigênio com cuidado, precisava evitar que se afogasse.

– Ok! Alinka, levo o bebê e você me segue, use o cabo como guia. Sai então para o espaço com meu precioso embrulho. Felizmente ele dormia tranqüilo. Voltando a nave Maiha ajudou a desfazer o pacote e ajudou Alinka a livra-se do incômodo traje.

– Vou chamá-lo Ganyuk, em nossa língua significa nascido no céu.

– Bom nome! Comentei! Na língua deles deveria ser um bonito nome.

– Falou com Adan? Perguntei a Maiha que embalava o bebê enquanto Alinka se preparava para um banho.

– Falei! Ele está mandando uma nave buscar a nave deles e depois leva-la para Hélios K.

– Certo quanto a mãe e o bebê, levamos para Xkarpa e lá decidimos como devolve-los ao seu planeta.

– Concordo e acho que Adan também. Ela precisa de atenção pós parto Há! Soltei o cabo e quando você quiser, podemos voltar para casa.

– Meu comandante! Parabéns! Temos mais um parteiro espacial disponível. Era a voz de Adan 7, como sempre, gozando da minha cara depois do sufoco que foi trazer à luz aquela figurinha.

– Há! Você e Maiha formam uma bela dupla. Sugiro que você e ela tirem uns dias de descanso, afinal, vocês merecem e agora você tem uma dupla tarefa, diga-se de passagem, gostaria de estar em seu lugar. Cuide-se!

– Ta legal! Maiha, você falou a ele sobre nós?

– Não! Porque pergunta?

– Porque este cara sempre sabe tudo! Para mim, este homem é um mistério completo. Acho que se Deus estivesse entre nós, digo, fisicamente, seria como ele!

– Bem! Você sabe que ele possui um cérebro muito avançado. Talvez ele consiga ver tudo ao mesmo tempo. Realmente ele na maioria das vezes, finge que não viu, que não sabe, mas na verdade ele tem o controle de tudo o tempo todo.

– Bem! Não adianta ficarmos tentando definir Adan 7. Mas, que é um grande ser humano não tenho dúvidas.

– Ok! Querido, agora Alinka e seu bebê estão descansando e eu já estava com saudades de...

– Sei! Eu também. Escolha uma música suave, vai fazer bem ao bebê.

– Sei! À nós também! Com música você fica incrivelmente romântico. Ajustamos a rota de retorno e teríamos agora mais 3 dias de viagem. Na manhã seguinte Alinka fazia-nos companhia no refeitório enquanto o bebê mamava feliz.

– Sabem? Vocês são muito bons, eu achei que ia morrer ali. Não tinha mais de 10 h de oxigênio e você foi fantástico! Estou feliz que as coisas acabassem assim. Nos dois dias restantes a viagem transcorreu sem problemas e Alinka parecia da família. Ajudava Maiha nas tarefas comuns do dia a dia e Maiha passava um bom tempo ajudando nos cuidados com o bebê. Tudo parecia tranqüilo, até que a voz de Adan soou novamente e desta vez tinha um tom preocupado.

– Meu comandante! Tenho uma má noticia!

– Fale!

– Falhamos com seu pai!

– O quê? Você está dizendo que...

– Sim! Mas ainda estamos em 2043, temos cinco anos pela frente.

– Como foi?

– Rogério! Lembra-se quando falei a você sobre as leis imutáveis do multi-universo?

– Sim!

– Pois é! Apesar de nosso esforço e da sua viagem, nós impedimos a viagem de seu pai. Isto foi no dia 12. Pois bem, Kelly voltou no dia seguinte à tarde e o encontrou caído no banheiro. Já estava morto desde a manhã.

Ficamos os dois em silencio e eu pensava sobre o que tinha sido feito. Está certo que teríamos cinco anos pela frente. Mas, me assustava o fato de que talvez algumas leis naturais não pudessem mesmo ser alteradas. A morte do meu pai seria em 2048, até lá teríamos que encontrar um meio de evitar.

– Sei no que você está pensando e também me preocupa. Foi colapso cardíaco, sem causas aparentes. Seu pai é no momento, um homem sadio. Temos tempo para cuidar que seu coração se mantenha saudável. Mas um colapso é um acontecimento aleatório e não tem como ser detectado. Esperamos que seja possível evitar o pior.

– Assim espero amigo. Na pior das hipóteses, precisamos estar presentes e prevenidos para tentar o mesmo que você fez com minha mãe. Adan despediu-se e o dia me pareceu triste o resto do tempo. Maiha me dava conforto e carinho.

– Calma querido, até 2048 teremos tempo para tentar evitar. Maiha foi ajudar Alinka a trocar o bebê e eu nem queria estar perto, com tudo o que ele mamava dava para imaginar o trabalho. Estávamos já quase entrando na órbita de Nova Terra, quando uma voz chegou aos meus ouvidos.

– Filho!

– Pai? Sua voz está diferente!

– Sim filho, estou de volta a 2008. Como da primeira vez, lembra como me tornei Márcio Santana?

– Sim Pai! Então!

– Sim eu morri e não morri! Estou tentando contato há dias, mas não conseguia. Em que ano você está?

– 2043 Por Quê?

– Porque eu agora me chamo... Chamo...

– Pronto perdemos contato. Você ouviu?

– Sim! Falou Maiha com uma expressão enigmática. Então novamente a voz de Adan interrompeu-nos.

– É isso! Estivemos lá como havíamos combinado! Tentamos, mas não funcionou! Não conseguimos traze-lo de volta. Estava escrito! Conhece a frase, o que está escrito é definitivo. Lei imutável. Lamento!

– Você sabe que acabo de falar com ele?

– Não! Diga!

– Ele está novamente em 2008 e acha que está em Terra5, mas quando ia dizer o nome perdi contato.

– Pense! Você pode descobrir o que aconteceu! È fácil.

– Pronto fim de papo! Ele é assim. Sabe mas não vai dizer!

– Fique frio! Seu pai está vivo e garanto que já tem outra namorada.

– Sabe às vezes penso que Adan é o próprio Deus. Ele disse que já estava aqui antes do big bang. Ele trouxe este cristal que permite que nos comuniquemos dessa maneira. Implantou um outro cristal em minha mãe e a trouxe de volta. Ele parece estar onipresente em todo o multi¬universo. Sempre sabe tudo. Acho que quem falou com Moisés foi ele, apenas naquela época, usava métodos ameaçadores para se fazer ouvir. Depois desistiu percebendo que a humanidade era aquela droga. Agora resolveu corrigir os rumos. Krol nos ajudou a transferir a Terra para cá e mudamos os nossos hábitos. Então ele surge com seus milagres disfarçados em alta tecnologia.

– Credo! Você parece saber mais do que deixa perceber.

– Não! Pare por aí! Mas pense! Ele diz, o multi-universo é um todo de mente, espírito e matéria. A única coisa que mudou é que ele é como um Deus brincalhão que fica me gozando e me colocando a prova o tempo todo. Não exige templos, orações ou ameaça castigar todo mundo. Claro que ele sabe onde está meu pai! Mas não vai dizer! Vai querer que eu descubra.

– É! Nesse ponto você tem razão. Mas vamos descobrir sim. Conte comigo. Já sei onde vamos tirar férias!

– Onde? Terra 5 meu amor! E já sei como entrar em contato!

– Está brincando! – Você está tão interessado em definir quem é Adan 7, que não está pensando direito!

– Claro! Você é demais! Nós acabamos de sair do espaço-tempo em que estávamos e estamos penetrando em Nova Terra. Claro! Por isso perdi o contato. Ele deve estar no mesmo espaço em que estávamos.

– Elementar meu caro Watson!

– Hei! Você andou lendo os livros de meu pai?

– Claro! Sou Fã de Sherlock Holmes.

Descemos em Nova Terra e eu já pensava em Iub. Ela deveria estar de volta em mais dois ou três dias. Droga! Eu não entendia mais o que estava acontecendo comigo. Amava Iub, mas não queria perder Maiha. Quando estava com ela eu a amava com loucura. Quando estava com Iub, acontecia o mesmo. Será que o Adan andou também mexendo no meu código genético? Ou isso seria um sinal de uma transmutação?

2040-13-A TERCEIRA VIDA DE ARNOLD SCOTH

Aconteceu de novo! Alguém ou alguma coisa não queria que eu morresse ou pelo menos, não como as pessoas normais. Da primeira vez, eu acordara no corpo de Márcio Santana, um piloto brasileiro de fórmula um. Meu nascimento original, aquele em que se nasce na maternidade, havia sido nos Estados Unidos. Isto mesmo, eu era americano e viera para o Brasil para viver com uma mulher brasileira. Aos 70 anos, aconteceu minha primeira morte e acordei em Mônaco no corpo do piloto Márcio Santana. A partir daí, minha vida passou a gerar estranhos e incríveis acontecimentos que culminaram com minha morte em 2048, novamente aos 70 anos. Daquela feita transcorria o ano de 2008 e agora eu estava novamente renascendo no mesmo ano. A diferença é que daquela vez aconteceu tudo no mesmo ano e agora eu estava renascendo no passado. Pois estávamos novamente em 2008. Tudo começou naquela manhã, 13 de Setembro de 2048. Kelly havia viajado para Anul, o terceiro planeta da Aliança. Eu estava sozinho em casa e levantei-me para tomar um banho, mas estava já há algum tempo com uma dor me incomodando. Ao ligar o chuveiro uma dor muito forte no peito fez com que tudo escurecesse, começou a embaçar minha visão e a última coisa de que me lembro é que perdi o equilíbrio e tudo se apagou. Acordei em uma cama confortável e macia, mas não sabia onde estava. Era tudo muito escuro e procurei na cabeceira da cama um interruptor. Acendi a luz e encontrei-me em um quarto simples, de teto alto como as construções antigas em estilo colonial. Havia na parede a minha frente um grande crucifixo, Na outra parede, um guarda roupa antigo, uma mesinha de cabeceira onde havia uma bíblia. Na parede oposta um grande relógio acusava 3 h da madrugada. Na cabeceira alta da cama, havia um rosário pendente. Levantei-me e andei até o espelho do guarda roupa. Eu estava novamente no corpo de um jovem de no máximo 30 anos. Meu novo corpo parecia saudável e forte. Seu dono provavelmente praticava esportes ou malhava bastante. Começava a desconfiar da identidade deste novo hospedeiro para minha pobre alma, quando batidas delicadas na porta, interromperam minhas especulações. Abri a porta. Ela era incrivelmente bonita e seu sorriso encantador emoldurava um corpo perfeito. Ela disse.

– Oi! E me beijou a face.

– Oi! Respondi.

– Você está pronto?

– Para quê? Perguntei. Ela pareceu espantada com a minha resposta.

– Para a viagem, hora esta, esqueceu? Estava começando tudo de novo. Já sabia o que viria agora.

– Espere, sente-se aqui a beira da cama, precisamos conversar. – Conversar? O quê? Não me diga que desistiu de tudo!

– Não! Não é isso! È que não sou quem você está vendo.

– Alex! Pare de brincadeira! O que está acontecendo?

– Moça! Nem sei como começar, mas, não sei quem sou ou de quem é este corpo!

– Você está doente? Perguntou preocupada.

– Não! Mas é uma longa história. Vou tentar contar a você o que aconteceu e que, aliás, acontece pela segunda vez em minha vida.

– Ok! Fale! Respondeu ela entre curiosa e aflita.

Narrei-lhe então toda a história desde o episódio de Mônaco até o que acabara de acontecer. Ela ouvia com atenção e vez por outra me interrompia apenas para saber sobre algo que não entendera.

– Então é isso! Preciso saber quem eu sou e quem é você! Ela suspirou profundamente e então começou a falar.

– Vamos então às apresentações! Você é o Padre Alexandre Romero e eu sou Helena Santori e somos amantes! Você pediu exclusão do sacerdócio para que possamos nos casar e Hoje a Santa Sé deve enviar o documento liberando-o dos votos. Havíamos combinado que eu o apanharia a esta hora e iríamos para nosso sítio em Viamão.

– Puxa! Por um fio!

– Do que você está falando?

– Bem, eu já desconfiava que estivesse no corpo de um padre. Isto é terrível, porque nem sei rezar uma Ave Maria inteira. Ela riu.

– Bem! Como um ex padre, você se livra do problema.

Pelo menos numa coisa Deus havia sido generoso comigo, sempre me jogava nos braços de uma linda mulher, se bem, que mal estávamos nos conhecendo.

– Helena! O que vamos fazer?

– Bem! Como aconteceu em sua primeira experiência, acho que o primeiro passo será nos conhecermos melhor e eu devo inteirá-lo sobre a vida de Alex. Temos o fim de semana inteiro. Pegue suas coisas e vamos sair daqui. Segunda feira apanhamos o documento.

– Ok! Acho que tem razão e fico grato pela sua compreensão da situação.

– Claro! Você não tem culpa de nada. Nós agora precisamos analisar como vamos tocar a vida daqui por diante.

– Você falou Viamão, isto significa que estamos em...

– Porto Alegre, Catedral Metropolitana.

Saímos pela porta lateral e tomamos o carro, um Toyota de fabricação brasileira que me parecia estranho. Pelo menos não tinha semelhança com o modelo que eu lembrava. Só então me dei conta de que aquela não era a Porto Alegre que eu conhecia. As ruas e avenidas eram mais largas. O asfalto era diferente e era tudo muito limpo. Os prédios eram mais modernos amplos e não se via gente pobre nas ruas, parecia que todos eram bem de vida, bem vestidos e os carros eram menos barulhentos e me parecia tudo muito organizado.

– Helena! Tem algo estranho! Esta não é a Porto Alegre que conhecia. Alguma coisa está errada. Acho que você vai ter que me dar umas aulas de história para poder fazer um juízo.

– Olha! Até onde sei aqui foi sempre assim.

– Espere! Acho que sei o que ocorreu! Da outra vez, o que aconteceu isso comigo, foi criado um universo paralelo onde os acontecimentos se inverteram. Só que eu passei a viver em outro universo e Arnold Scotch 2, continuou vivendo no universo original. Acho que desta vez os papéis se inverteram e eu vim parar no universo paralelo. Você entende?

– Acho que sim. Você falou também naquela história de espaço-tempo paralelo. Será que tem algo a ver?

– Certamente. Neste caso eu posso estar em Terra 5. Mas num espaço-tempo diferente.

– Agora você deu um nó nos meus neurônios. Repentinamente uma moto de cada lado do carro e seus ocupantes apontavam armas em nossa direção.

– Parem! Encoste o carro. Já!

– Obedeça! Falei pensando no que viria.

Helena parou o carro e de uma das motos desceu um homem que estava na carona. Desçam e deixem a bolsa, carteira e as chaves no lugar. Obedecemos e o terceiro membro assumiu o volante. Foi então que me lembrei do cristal Alpha Z, segundo Adan 7 ele estava implantado no meu cérebro, mas em um espaço-tempo paralelo. Então deveria estar aqui. Então rapidamente comecei a empregar o que sabia sobre mover os objetos e alcei o carro até uma altura de uns 5 metros, sob o olhar espantado de helena. Helena chamou a polícia pelo celular e uma viatura que estava perto veio imediatamente. O bandido estava apavorado com a porta do carro aberta, mas não tinha coragem de pular. Desceram 4 policiais da viatura policial e nosso amigo já com as mãos erguidas mostrava que não estava armado. Então lentamente fiz o carro descer até o solo e o bandido foi preso. Um dos guardas aproximou-se.

– Como fez aquilo?

– Não sei! Respondi. Deve ser um milagre!

– Ele é um sacerdote. Falou helena. Deve ser um milagre de Deus! O guarda deu de ombros e tratou de registrar a ocorrência. Finalmente retomamos nosso caminho.

– Ok! Milagre de Deus é que não foi. Como fez aquilo? Perguntou Helena ainda meio nervosa pelo que acontecera.

– Olha! É mais uma longa história, mas trata-se um cristal magnético inserido em meu cérebro por um extraterrestre.

– Ta! Só que o cérebro que está aí na sua cabeça, não é o seu. É do Alex!

– Sei! Para você pode parecer estranho, mas no multi-universo é assim. O cristal foi implantado em outro espaço-tempo paralelo, creio que no domínio do espírito. Portanto o corpo é do Alex, mas o espírito é o meu. Por isso o cristal funcionou e é por causa dele que consigo fazer essas coisas.

– O que mais você consegue fazer além de levantar carros?

– Bem! Vejamos, posso me comunicar telepaticamente com você.

– Legal! Ouço sua voz como se estivesse dentro da minha cabeça.

– Exato! Posso também ficar invisível. Assim.

– Nossa! Isto é fantástico! Sabe? Se as autoridades descobrirem, o exército vai querer que você vire alguma arma secreta. – Exato! Por isso mesmo, vamos manter esta parte em sigilo. Fica só entre nós. Enquanto examinava a carteira do ex padre, não percebi um único centavo.

– Você tem algum dinheiro? Perguntei.

– Quero comprar cigarros.

– Dinheiro? Não usamos isso desde 1990. Agora só dinheiro eletrônico.

– Boa esta! Este com certeza não é o Brasil de terceiro mundo.

– Claro que não! Somos a maior potência mundial. Bem! Você com certeza não é deste universo.

– Ok e os Estados Unidos?

– Bem, eles só há 50 anos atrás livraram-se do jugo dos ingleses atualmente estão com bom índice de desenvolvimento, mas ainda estão longe de nos alcançar.

– Está bem! Vou ter mesmo que me reciclar completamente. Adan 7 havia dito que Terra 5 possuía uma civilização mais avançada então minha teoria estava se comprovando. Eu devia estar mesmo em Terra 5.

– A moeda aqui ainda é o Real?

– Real? Não! Dólar brasileiro. DB$.

– Está bem e a exploração espacial?

– Vai de vento em popa estamos com uma missão indo para Marte.

– Agora falta o governo. Quem está na presidência? João Alberto Siqueira, mas, quem manda é o primeiro ministro. Bem a dose de surpresas já era suficiente por enquanto. Acabávamos de chegar ao sítio. Na verdade uma pequena propriedade, com alguns hectares de Terra, uma bela e moderna casa com todo o conforto. Internamente, peças amplas e arejadas O living era espaçoso e confortável.

– Você vive sozinha aqui?

– Sim! Durante o dia tem os empregados, mas, como vínhamos para cá eu os dispensei.

– Espere! Já que o cristal funcionou, preciso entrar em contato com alguém em 2048.

– Há! Essa não! Não vá agora dizer que você pode se comunicar com o futuro e com pessoas que você nem sabe a que distância estão?

– Sim! Só temos um problema. Eles precisam estar neste mesmo universo e algo me diz que não estão. Tentei então um por um desde Kelly até Adan 7. Nada. Bem, sem os mapas do multi-universo seria impossível localiza-los. Só me restava agora viver a vida de Alexandre Romero.

– Você disse que o sítio é nosso, isto é, seu e de Alex.

– Sim! Ele recebeu uma pequena herança e eu tenho uma escola de informática. Então compramos o terreno e construímos. Ela então sorriu.

– Sabe? Você é um cara fantástico e algo me diz que saí lucrando com a troca. Eu gostava do Alex, mas sabe essa coisa de religião atrapalha um pouco.

– Sei! Você também me parece uma garota muito especial.

Namorar um padre apesar de tudo e de todos os preconceitos é um pouco complicado.

Não sei se era aquele tal gene com mania de reprodução que estava fazendo minha cabeça, mas o fato é que estava me apaixonando novamente.

2040-14-UM ENIGMA CHAMADO ADAN7

Eu estava voltando de Hélios K onde havíamos ido levar Alinka e o bebê para casa. Maiha estava feliz porque estávamos voltando para uma longa jornada de 3 meses de viagem até Nova Terra. Ela havia conversado com Iub e desta forma eu tinha agora duas mulheres fantásticas em minha atribulada vida. Teríamos este espaço de tempo para curtir. Iub se conformara com a impossibilidade de viajar conosco e apenas comentara.

– Bem. Marido não viajar sozinho! Naquela manhã estávamos recém tomando nossos lugares ao comando da nave quando pressenti alguém mais a bordo. Ao virar-me, Adan 7 em pessoa estava sentado em um dos beliches e sorriu para mim

– Bom dia meu comandante!

– Você? Como? Como conseguiu entrar?

– Meu comandante! Eu posso muito mais do que você imagina. Mas, minha visita desta vez tem uma finalidade muito especial. Você atingiu agora um nível muito bom. Não me decepcionou e tenho agora para você a maior das missões.

– O que quer dizer com isso?

– Que decidi morrer como qualquer mortal. Afinal 35 bilhões de anos dão muito trabalho e estou ficando cansado.

– Cansado? Você é um Deus e deuses não cansam e não morrem.

– Não! Você é muito inteligente e por isso está aqui agora. Definir quem sou ou o que sou não vai ajudar em nada. Resolvi me recolher e você será meu substituto.

– Você deve estar brincando! Eu substituí-lo?

– Sim! Você está pronto embora ainda não saiba disso.

– Certo! Terei que descobrir!

– Se você acha que eu sou Deus, então daqui para frente o Deus será você.

– Adan, pare com a brincadeira você está me assustando!

– Não! Você apenas está confuso e isso é natural. Desde o que aconteceu com seu pai e que voltou a acontecer agora, tudo foi determinado por uma necessidade maior. Seu pai é um dos homens mais inteligentes entre os humanos e você nasceu com uma inteligência ainda maior. Eu faço parte de uma inteligência infinitamente superior. Você passa agora a fazer parte também. Eu não vou morrer da forma que os humanos morrem. Eu vou simplesmente fundir-me com o multi-universo e cada célula minha fará parte deste multi-universo. Logo você entenderá isso e muito mais. Você sempre fala que eu apronto pra você. Pois bem eu aprontei de novo. Você está recebendo de minhas mãos a posse e o comando do multi-universo. Você não sabe ainda, mas a alteração genética que apliquei em você, mudou completamente sua forma humana. Você passa a ser imortal como eu.

– Espere! Você disse que vai morrer! Logo não pode ser imortal.

– Foi apenas uma forma de expressão! Veja o espírito a mente e a matéria são a essência do universo. Apenas eu sou um espírito capaz de me materializar e você agora é capaz disso também, ou melhor, você já é um espírito materializado. A diferença entre nós e os mortais, é que eles estão confinados ao mundo espiritual. Isto é, estão num espaço-tempo definido. Mas, nós podemos ocupar todos os espaços-tempo. A imortalidade não é tão ruim. Você verá mundos e universos nascendo o tempo todo e terá muito trabalho. A partir de agora, você pode tudo. Como eu. Maiha e Iub serão suas esposas, assim como eu tenho Iliha. Elas também o acompanharão.

– Adan, não sei o que dizer!

– Não diga nada! Apenas sinta o prazer de estar vivo e de poder mudar as coisas quando estão mal.

– Adan, estou agora convencido de que você é sim talvez o Deus que sempre procuramos encontrar e que o tempo todo estava junto a nós. Não como um ser divino intocável, mas como um humano semelhante a nós mesmos. Capaz de arregaçar as mangas e ombrear conosco, nos apontando caminhos e trazendo ajuda quando precisamos. Capaz de rir, brincar e chorar conosco.

– Você entenderá com o tempo e terá muito tempo. Quando chegar a trinta bilhões de anos, você se sentirá assim, mas verá que valeu a pena. Bem! Acho que é isto, agora preciso deixá-los. Não voltaremos a nos ver. Adeus e cuidem-se. Sumiu da mesma maneira que tinha aparecido. Simplesmente evaporou.

– Rogério! Isto foi incrível! Será que tudo isso é real ou estamos sendo vítimas de uma brincadeira?

– Não sei! O tempo dirá! Mas na minha mente, muita coisa começa a fazer sentido.

– O quê, por exemplo!

– Tudo! Tudo o que aconteceu desde que meu pai foi vitima daquele fenômeno que agora se repete 40 anos depois.

– Você leu o código da Bíblia?

– Sim! Estava na biblioteca de seu pai e Kelly me emprestou. Mas o que isso tem a ver?

– Se as previsões ali, são verdadeiras, quem colocou este código lá, conhecia todo o futuro da humanidade. Via o futuro, como Adan faz. No livro do gênesis, o primeiro livro do Torah, consta que eram dois deuses e não apenas um. Chamavam-se Eloin e Adonai. Na tradução da bíblia isto foi omitido e refere-se a Deus como uma única divindade. Ali inclusive consta que ambos teriam esposas. Será que Adan é um destes deuses?

– Faz sentido! Falou Maiha.

– Veja este cristal! É estranho! Nós falamos com pessoas de outras línguas e elas entendem. Elas respondem e nós entendemos, como se o cristal pudesse traduzir todas as línguas. Lembra o que meu pai contou, sobre quando ele e Krol destruíram a máquina roubada?

– Sim, Krol simplesmente fazia com que virasse pó!

– Ele selecionou as pessoas que poderiam possuir o cristal, ensinou-me a moldar a matéria e a mover objetos com a mente. Além disso, tem os espaços-tempo paralelos onde podemos nos mover. A minha nave é como uma extensão de mim mesmo, posso manobrá-la com a mente.

– Bem! Agora seus conterrâneos poderão afirmar, “ Deus é brasileiro!.

– Maiha, nem brinque! Não me sinto como um Deus! Apenas herdei poderes que nem sei como funcionam! Adan deve ter me passado isso da mesma forma que passaram a ele.

– Há 35 bilhões de anos?

– Porque não? Sabe? Vou falar agora com meu pai. Ele está em Terra 5 e como você falou, já tem uma namorada.

– Esta eu quero ver! Acho que estava começando a entender Adan 7. Não precisávamos estar observando tudo ao mesmo tempo, as coisas vinham a mente de acordo com a necessidade do momento, então chamei meu pai.

– Pai!

– Sim filho! Que bom que você me encontrou!

– Como está Helena?

– Está bem, espere! Como sabe o nome dela?

– Sei também que você se chama Alexandre Romero e que os dois vão se casar.

– Espere, isto é um truque, você está aqui e está brincando.

– Não Pai! Mas, não se preocupe, breve iremos vê-lo aí em Viamão!

– Ok! Não sei como fez isso! Mas deve ser coisa do Adan!

– Bem! Nisso você está certo, mas quando nos virmos explico tudo.! Despedi-me de meu pai e Maiha me olhava com a boca aberta.

– Rogério! Isto é espantoso! Como é possível?

– Não sei, não tenho a menor idéia. Sabe? Apenas eu sei! É só isso! As coisas vem a mente no momento em que preciso e agora começo a entender Adan 7. Afinal, nós fazemos parte de um universo cheio de mistérios e isso é só mais um mistério.

– É incrível! Falou Maiha entre espantada e curiosa.

– Maiha! Acho que é como a premonição! As pessoas sabem que vai acontecer, mas não sabem explicar como conseguem prever. Veja, nós viajamos no tempo espaço, simplesmente porque decidimos. O Krol, precisava de trajes especiais.

– Evolução? Perguntou Maiha.

– Creio que sim e Adan trouxe esta evolução. Não se trata de milagres de origem divina. Apenas, poder mental total, como nosso subconsciente.

– Ok! Como vamos nos preparar para tudo isso?

– Mão precisa, cada coisa acontecerá em seu espaço tempo. Apenas vamos tocar a vida, como pessoas normais e deixar que as coisas aconteçam em seu devido momento. Lembra da Delora?

v Sei! A gelatina.

– Ela podia transformar-se em outra espécie biológica. Nem por isso era uma deusa ou um demônio.

– É você pra variar, tem razão.

– Bem, acho que por hoje, podemos dar o expediente por encerrado. Vamos dormir?

– Dormir? Eu estava pensando em... – Sei! Com vinho e uma musiquinha?

– Sim! Adoro quando você fica romântico e nada como um vinho para deixá-lo assim.

– Hei! Sempre fui romântico!

– Claro! Mas o vinho...!

Naturalmente o sono ficou para mais tarde e depois de um banho finalmente Maiha pegou logo no sono, mas eu não conseguia dormir, fiquei um longo tempo meditando sobre tudo o que acontecera naquele dia. Adan era realmente um enigma inexplicável e agora eu era uma peça deste quebra cabeça. Na manhã seguinte fizemos o desjejum e obviamente o assunto ainda era o novo destino que nos fora reservado.

– Maiha! Eu já sou capaz de muitas coisas que antes nem me ocorriam, como ter me comunicado com meu pai como fiz ontem. Mas ainda não sei como Adan veio até a nave.

– Ele disse que você agora estava pronto! Nós podemos mover objetos. Pense! Como fazemos isso?

– Maiha! Você é genial! Claro! Da mesma forma.! O que Adan fez, foi teletransportar-se até nós.

– Então querido, nós também podemos! Em vez de movermos um objeto, podemos mover a nós mesmos.

– Ok! Vamos fazer um teste! Vamos nos colocar em Alpha, no campo violeta, aí projetamos nossa imagem, digamos que para o banheiro, mentalizamos que estamos nos movendo até lá.

– Ok! No três. Funcionou, apenas estávamos agora no apertado banheiro da nave.

– É isso! Apenas precisamos ver o local para onde desejamos ir. Você tem razão. Isto não tem nada de divino.

– Claro que não. Veja se eu me postar na minha cadeira no comando, olhar para o espaço e mandar, que se faça a luz iluminando tudo, não acontecerá nada.

– Sim, mas podemos olhar para o amanhã e ver o que está acontecendo.

– Certo podemos dizer que vai chover, por que vimos que estará chovendo.

– Então, não somos deuses. Existem coisas que só um Deus poderia fazer.

– Iub! O que o Adan fez com ela?

– Boa pergunta! Então a voz de Iub, chegou a nossos ouvidos.

– Iub, estar bem! Adan veio conversar com Iub! Colocar cristal

em cabeça de Iub e dizer que agora Iub, igual Maiha e Rogério. Iub feliz, Iub e Maiha, fazer Rogério feliz. Rogério fazer Maiha e Iub feliz.

– Sabe? Iub é engraçada com as dificuldades com a língua, mas é também uma criatura adorável. Maiha me abraçou.

– Sim, mas será que conseguiremos conviver durante 30 bilhões de anos? – Claro! Nós podemos tudo!

2040-15-AMEAÇA MORTAL

Naquela manhã eu estava na varanda do sítio ouvindo música e saboreando meu indispensável chimarrão. Tocou o celular e a voz de Helena aflita do outro lado me sobressaltou pelo seu tom de voz, estava acontecendo algo muito grave.

– Alexandre, liga a televisão agora e veja o que estou vendo. Corri para o living onde ficava o aparelho e o liguei. O jornal das oito estava em uma edição extraordinária e o tom grave do âncora fazia antever que algo muito terrível estava acontecendo ou para acontecer. Naturalmente a televisão nestas ocasiões procura fazer um tempo atiçando a ansiedade das pessoas para só então largar a bomba e esta era peso pesado. “Noticias recentes dão conta de que um meteoro de proporções gigantescas poderá chocar-se com a Terra. Esta imensa pedra duas vezes maior do que a lua, já havia sido detectada pelos nossos postos avançados de observação do espaço. Mas alguma coisa em determinado momento desviou sua trajetória que anteriormente deveria passar a milhares de km de distância. Então a constatação é que atingirá nosso planeta em menos de 30 dias. A seguir mais detalhes com nossa central de jornalismo, O Primeiro ministro fará ainda hoje um pronunciamento à nação.” Desliguei o aparelho e voltei para o meu chimarrão, agora viria a exploração do anúncio da catástrofe eminente. 30 dias, deveria dar tempo. Meu filho Rogério prometera visitar-nos, mas até o momento não havia aparecido. Agora com a responsabilidade que tinha na Federação Intergaláctica seria difícil que pudesse vir logo. Helena chegou da rua e estava muito abatida com o que vira.

– Alex, isto vai destruir a Terra, não há como escapar de tamanha pedra. Nós não temos sequer uma bomba capaz de destruir essa coisa. Mesmo que usássemos uma bomba atômica, sobrariam pedaços grandes o suficiente para causar o mesmo estrago que teria exterminado os dinossauros.

– Calma, lembre-se que por aqui ninguém sabe, mas nós temos bombas de antimatéria.

– Puxa! Você e suas mágicas! Mas onde estão estas bombas? – Logo ali! Fique fria. Daremos um jeito.

– Hora homem, estou falando de um assunto sério! A Terra pode simplesmente virar farelo e você brinca!

– Não estou brincando! Eu não posso fazer nada, mas conheço alguém que pode.

Eu não havia falado a Helena sobre meu filho com Kelly ou o que tinha com Maiha. Ela era ciumenta e não me deixaria em paz. Ela foi para a cozinha ajudar no preparo do almoço e então aproveitei para tentar um contato com alguém. Fiz várias tentativas, mas não obtive êxito. Minha esperança era de que Rogério já soubesse do problema e certamente estaria planejando algo. A nova ordem imposta por Adan 7 havia espalhado nossas famílias. Rogério, Maiha e Iub, viviam praticamente a bordo da nave da federação. Krol, também fora enviado para uma missão de 3 anos. Kelly continuava em Nova Terra, mas cuidava de um programa de treinamento em Anul e raramente vinha para casa. Meu filho com Maiha, continuava na administração central da Aliança e eu, bem! Eu estava novamente aqui, imaginando que tipo de acontecimentos iria agora desencadear a repetição de minha sina de não conseguir morrer.

– Pai! Finalmente era a voz de meu filho. Faziam já 3 dias que tentava um contato.

– Fale filho!

– Pai! Já sabemos e estamos a caminho. Foi um grande alívio saber que ele já estava a par do assunto, tal como Adan agora era ele que não deixava escapar nada. Fui encontrar Helena no jardim. Ela andava muito abatida com a notícia que agora ocupava todos os espaços na televisão. A população do planeta estava em constante vigília faziam orações e reuniam-se em todos os locais. Parecia que havia um clima geral de mea culpa e esperavam pelo pior. Só um milagre poderia salvar o planeta. Havia multidões reunidas nos mais diversos locais e religiosos do mundo todo uniam-se em oração. A situação era considerada irreversível.

– Pai! Me dá a data em que vocês estão!

– Filho hoje é 15 de Janeiro de 2009, eu estou a 3 dias tentando contato. Segundo as previsões faltam agora 27 dias para o choque.

– Ok! Nós vamos adiantar-nos um pouco no tempo, assim o pegaremos antes que se aproxime muito. Vou manter-me conectado com você, assim poderá ver tudo o que estamos fazendo ok?

– Sim! Estou feliz que tenha percebido o problema. Não sei como fará, mas confio em você. Rogério agora por decreto de Adan 7 tornara-se imortal. Aquele extraterrestre possuía até mesmo a capacidade de alterar a constituição da matéria e então meu filho era agora um espírito materializado não pela matéria na forma em que conhecemos, mas por um outro tipo de matéria compatível com o plasma espiritual. Também por decreto desposara Maiha com quem eu tivera um filho além, claro da doce Iub. Meu filho era agora como um semi-deus, capaz de façanhas nunca dantes pensadas pelo homem. Como ele fazia isso? Não sei, mas eu podia ver tudo o que estavam fazendo, como se estivesse junto deles. Maiha estava linda e para os Xkarpanos embora sua idade fosse de quase 50 anos, parecia uma jovem de vinte e poucos anos. Finalmente eles avistaram a imensa pedra e eu podia ver que realmente era lago assustador.

– Maiha! Já está muito próxima da Terra. Uma bomba de antimatéria poderia dadas as proporções da pedra, extinguir a lua. Vou lançar uma bomba de núcleo solar e parti-la.

A bomba atingiu a pedra que partiu-se em 3 pedaços. Então a notícia rapidamente se espalhava pela mídia sempre de plantão. Uma nave extraterrestre acabava de Explodir o meteoro e isso era fantástico. Finalmente os extraterrestres cuja existência nunca havia sido comprovada estavam auxiliando a Terra em suas horas derradeiras. Imaginem se eles soubessem que aquele extraterrestre era filho de um brasileiro. Mas Rogério estava preocupado e tinha que agir rápido. Apenas um dos pedaços da pedra havia se desviado da rota. Quando conseguiu atingir a segunda pedra, a terceira estava próxima demais para permitir o uso da antimatéria. Então o mudo viu estarrecido. O imenso bloco de pedra penetrando a atmosfera. Foi então que ele mudou bruscamente de rumo, embora o deslocamento de ar produzido por sua ação, tenha provocado ondas de proporções gigantescas e as águas tenham invadido grandes áreas de Terra, o planeta estava salvo. Helena olhava-me espantada com o que acabara de ver na televisão.

– Você disse que conhecia alguém que podia ajudar. Quem é esse extraterrestre?

– Helena! Eu te contei muita coisa da minha vida, mas não tudo. Este extraterrestre é meu filho. Ela ficou me olhando sem entender nada.

– Seu filho? Como? Meu Deus! Quem é você afinal?

– Olha! Nem eu mesmo sei e talvez nunca chegue, a saber. Sei apenas que meu destino é diferente. Estou tendo uma terceira chance de continuar vivo e talvez a explicação esteja fora de nosso alcance.

– Pai! Você terá um filho com helena e tal como aconteceu comigo, o destino dele está escrito. Prepare-se porque você ainda terá muita surpresa nesta sua terceira vida. Naquela noite o planeta todo estava em festa, comemorando o grande acontecimento que marcaria para sempre o destino da Terra.

– Puxa! Comentou Helena.

– Eu fui apanhar o Alex, para o fim de semana e acabei trazendo você. Não sei quem você é e como é capaz de tomar o corpo de outro homem. Mas você é membro de uma estranha família de semi-deuses. Isto me assusta, mas eu estou aprendendo a amá-lo de uma forma que eu desconhecia.

– Eu também amo você e com o tempo você saberá ainda muita coisa sobre mim.

Na manhã seguinte sedo, eu estava acordado. Fiz o meu chimarrão e fui para a sacada. Gostava de observar a festa dos pássaros a cada amanhecer. Repentinamente algo começou a materializar-se em pleno jardim. Para meu espanto era uma nave de pequeno porte. Então, Rogério, Maiha e Iub, saíram de dentro dela. Helena também já havia levantado e chegou a sacada.

– Alex! O que é aquilo?

– Temos visita querida. Descemos e fomos recepcionar nossos visitantes. Depois de abraçá-los os apresentei a Helena incrédula diante do que via.

– Este é meu filho Rogério. Helena o cumprimentou e depois virou-se para mim.

– Como é isso? Ele é mais velho que você!

– Bem! È a segunda vez que acontece.mas depois explico à você. Convidei-os a entrar. Rogério então falou.

– Pai! Viemos buscá-lo para uma viagem. Você e Helena irão conosco.

– Para onde? Perguntou Helena.

– Para Nova Terra. Mas chegaremos lá em 2050. Ela me olhou espantada.

– 2050? Mas isso é daqui a 41 anos, estaremos velhos quando chegarmos.

– Não! Helena. Falou Rogério enquanto maiha e Iub riam do espanto de Helena.

– Na verdade eu os trarei de volta hoje mesmo.

– Legal! Agora você fundiu minha cuca de vez.

Rogério então pacientemente explicou todo o processo e Helena então pareceu conformar-se embora eu duvidasse que tivesse entendido alguma coisa. Tratamos de nos preparar para a viagem. Maiha ajudava e Iub encantada com a beleza do jardim pediu licença, queria primeiro ver o jardim. Momentos depois Iub tinha um pássaro na mão e vários outros pousados em seus ombros e na sua cabeça. Parecia que ela falava com eles e eles a entendiam. Helena fotografou a cena. Jamais tinha visto isso. Rogério achou melhor partirmos de madrugada. 4 h da manhã partimos rumo a nave mãe que nos aguardava em uma órbita de Marte. Estávamos já há três dias no espaço e Helena estava deslumbrada com tudo. Maiha e Iub encarregavam-se de explicar tudo para ela.

– Pai! Você sabia que Helena está grávida?

– Não! Acho que nem ela sabe! Mas como você sabe?

– Simplesmente, sei! E prepare-se. É um garoto e seu nascimento vai provocar uma nova era e vai interferir nos destinos deste universo.

Bem! Eu já suspeitava disso. Perguntei então à Helena se ela sabia da novidade.

– Não! Mas vai ver que é por isso que ando sentindo enjôos. Estava então começando uma nova odisséia e nem de longe imaginávamos que jamais voltaríamos desta viagem.

FIM

Lauro Winck
Enviado por Lauro Winck em 27/04/2010
Reeditado em 27/04/2010
Código do texto: T2222391
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.