A lenda da Rosa de Flama

"Passei a mão nos olhos: suntuosa,

negra, na jaula em fuga, ia uma rosa.

Paulo Mendes Campos - Litogravura

Nunca se chegará ao original desta história, perdeu-se na fúria louca da Inquisição de Alexandria; ao menos é isto que dizem os pergaminhos que se salvaram e nos trouxeram partes deste relato:

Uma única vez em todas as eras floresce, eterea e inalcansavel, uma rosa nascida e banhada no sangue.

A mais bela das flores, o ímpeto do divino e do satânico, elo entre o grostesco e o sublime. A personificação da beleza, da luxúria e da vaidade. Irmã dos anjos, superior a Deus, filha de Lucifer...

Essa flor, do mais doce perfume detem a beleza do universo. A congruência de todos os pontos, o equilibrio de múltiplos triângulos, o giro de um quadrado a formar um círculo perfeito.

É a supremacia do mais belo, ultrapassa em sua aritmetica a beleza das auroras-boreais e os mais agudos rompantes de um violino dourado, tudo isto mesclado as notas melancolicas do canto derradeiro do cisne que chora suas lágrimas de fenix.

É a beleza em si e mais nada...

Chamada pelos antigos de Mater Originalis, representada como Vênus no Paleolitico, Lilith na Idade Média (ou uma feminista a la Angelina Jolie nos dias de hoje). Simbolo pagão, a Rosa de Flama é assim chamada por que nasce da paixao e inspira somente a dor.

È rosa por que é poesia composta na espuma do mar, feita de pérola, nácar, versos nus e unhas cruéis. É flama, por que é luto, noite, esfinge, mistério, enigma a devorar com chamas eternas (as quais nem Freud, nem Èdipo poderiam decifrar).

A Rosa nada mais é que a essencia divina que brota no seio da terra, mas que tem suas raízes no centro do inferno.

Mas realmente, ainda dizem os Antigos, que ela existe pelo instante de um beijo entre Lúcifer e Uriel e, um bater de asas de Gabriel...

É o delirio no campo das estrelas, da terra e dos planos perfeitos...

Ev
Enviado por Ev em 22/08/2006
Código do texto: T222781