OS INVISÍVEIS - PARTE2

Os dois estavam distraídos pensando na forma de agir que teriam de adotar diante da situação quando foram interrompidos por passos que se aproximavam da casa. Hélio acariciou Nero e fez sinal de silêncio. Puxou Denise para junto de si e andaram até uma área vazia da sala. Ali não correriam o risco de que os invasores esbarrassem com eles. Dois homens começaram a revistar o local. Naturalmente o alvo principal da busca foi o Mac de ultima geração sobre a mesa. A paixão de seu velho pai. Mas Hélio o conhecia de sobra para saber que dificilmente guardaria tal segredo ali. Os dois homens nem perceberam o velho computador deitado sob uma pilha de livros. O Antigo AMD K6 II que ainda rodava sob Windows 98. Reviraram mais alguns papeis e saíram apressadamente levando o computador. Deveriam ser da inteligência do exercito, pois quem teria acesso a uma base militar?

Helio apanhou o antigo k6. Denise dirigia e sentia-se estranha dialogando com alguém a seu lado que não podia ver.

– Você acha que está neste computador?

– Tenho certeza, só não sei se conseguiremos encontrar o arquivo certo em meio a uma centena de outros. Acabo de lembrar que o projeto ainda está em fase de experiência, portanto a ausência de uma cópia se justificaria.

Chegaram à casa de Denise fora da base e montaram o velho aparelho. Denise foi preparar um banho e Hélio mergulhou em centenas de arquivos com formulas gráficas e anotações das pesquisas de Elvis.

– Querido! Hora do banho!

– Já vou espere até desligar a máquina.

Hélio despiu-se e entrou para baixo do chuveiro enquanto Denise se preparava. Repentinamente ela caiu na risada.

– De que afinal está rindo?

– Você agora parece uma escultura oca de água corrente.

– Droga! Estou começando a achar que esta experiência ainda vai dar trabalho. Não posso encostar em você que você fica também invisível. Agora não posso me molhar sem denunciar minha presença. Acho que o projeto do velho Elvis ainda precisa de reparos.

Na manhã seguinte como combinado Denise foi conversar com o general Raupp sobre os acontecimentos envolvendo a experiência de invisibilidade. Hélio continuou mergulhando nas anotações.

Após os funerais de Elvis o general Raupp convocou Denise e Hélio para uma reunião em sua sala. O sistema de segurança apenas foi informado de que deveria deixar passagem livre para a tenente Denise. Dessa forma Hélio a seguia a uma distância segura apenas o suficiente para que ela não desaparecesse também.

– Sente-se Major Hélio.

– Major? Perdão senhor mas...

– Sim! Major. O senhor foi promovido. Fui informado do acidente e das conseqüências imediatas. Por enquanto o senhor ficará diretamente subordinado ao serviço de inteligência e tomaremos providências para que possa agir de acordo com sua condição no momento. Infelizmente a experiência de seu pai ainda estava em fase de testes de formas que não há conhecimento de uma cópia do protótipo ou do projeto em si. A Dra. Lourdes foi informada do acidente e virá ter com o senhor. Ela conhece a teoria, pois ajudou seu pai no desenvolvimento do sistema e poderá dar-lhe algumas explicações. A tenente Denise será momentaneamente designada a acompanhá-lo sempre que necessário.

Terminado o breve pronunciamento do sisudo general ele pediu que Hélio aguardasse na sala ao lado. A Dra. Lourdes, uma mulher de cerca de 40 anos entrou na sala e perguntou

– Você está aí?

– Sim! Nesta cadeira. Retrucou Hélio batendo no respaldar da cadeira para identificar sua posição. A doutora sentou-se na cadeira ao lado e falou.

– Bem! O projeto baseia-se em certas propriedades das partículas subatômicas, de formas que vou descrevê-las de maneira simples para que possa entender. Uma destas partículas é encarregada de prover a cor para as outras de formas que possamos identificar os objetos por sua cor ou aparência. O que o sistema faz é alterar as propriedades desta partícula para que ela deixe de cumprir suas funções. O sistema de restauração faz o caminho inverso restaurando as propriedades naturais desta partícula. A idéia é simples. Se as partículas não possuem cor, ficam invisíveis.

– Mas porque uma pessoa muito próxima de mim fica invisível também?

– Esta é uma informação útil pois provavelmente o sistema altera as partículas próximas. É o que ocorre, por exemplo quando o senhor apanha um objeto. Ele também fica invisível correto?

– Sim! Mas eu vou ficar nesta situação por muito tempo?

– Apenas até que possamos ter um novo protótipo.

– A senhora tem conhecimento de que dois homens invadiram a casa de meu pai e apanharam papeis e o computador dele?

– Não! Estou sabendo disso agora. Mas se isso ocorreu temos agora um problema. Alguém do alto escalão tem a ver com isso. Se não foi uma ordem direta do general Raupp, temos um espião aqui dentro e talvez tenha ligação com a explosão no laboratório. Por enquanto, o senhor está liberado. A agente Raiska da inteligência o encontrará amanhã pela manhã. Você a aguardará na garagem. Dizendo isso ela o deixou a sós não por muito tempo. Logo Denise veio apanhá-lo.

Saíram por uma porta lateral diretamente para a garagem onde um carro estava estacionado.

– Nossa! Os vidros são tão escuros que não dá para ver quem está dentro do carro.

– Você vai se surpreender! Tem muita inovação tecnológica aí dentro¬.

Estrategicamente o carro possuía um teto solar, uma abertura por onde Hélio poderia entrar ou sair sem levantar suspeitas.

Na manhã seguinte na hora combinada, Hélio estacionou dentro da garagem. Não tardou para sua nova parceira surgir. Dona de uma beleza arrebatadora e de um corpo perfeito era a companheira que nenhum homem ousaria sonhar.

– Ola! Senhor invisível. Existe uma maneira de saber como você é? Tem uma foto?

– Não! Apenas chegue mais perto. Um pouco mais até me tocar assim! – Muito prazer Major! Raiska.

– Você é muito bonita! Porque trabalha para o serviço secreto?

– Meu pai era um agente. Morreu no Afeganistão.

– Afeganistão? Mas isso não é uma guerra americana?

– Sim, mas o serviço de inteligência deles utiliza nossos agentes, pois algumas bases terroristas ou de guerrilhas operam a partir daqui.

– E qual será nossa primeira missão?

CONTINUA

Lauro Winck
Enviado por Lauro Winck em 03/07/2010
Reeditado em 03/07/2010
Código do texto: T2356535
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