A ILHA
 
Robinson naufragou lá pelos idos de 1659, após terrível tempestade no Caribe, furacão arrasador.

Por milagre ele foi atirado à praia da ilha a qual denominou de Desesperança.

Os demais tripulantes do navio desapareceram nas águas turvas do profundo mar.

Ao acordar, chamou pelos companheiros, em vão, constatou após inúmeras buscas que estava só. irremediavelmente isolado do mundo.

Constatou que o barco encalhara n’um banco de areia nas proximidades.
A maré cheia trouxera-o mais para perto da praia.

Após passar a noite no topo de uma árvore, com medo de animais selvagens, Robinson dirigiu-se até o navio a nado.

Esquadrinhou seu interior, encontrando uma caixa de carpinteiro com a qual confeccionou uma balsa.

Suprimentos não perecíveis, sementes, roupas, colchões, cordas,pólvora e armas fizeram parte de sua primeira incursão.

Penetrou o rio e escolheu um lugar seguro para desembarcar, perto da costa, já tinha alguma esperança de que passasse algum barco por lá.

A beira do rio,armou uma pequena barraca de campanha que trouxera juntamente com as várias utilidades e surpreso ouviu uns latido, era o cãozinho, fiel companheiro de viagens, que o tinha seguido a nado.

Fez várias viagens, ida e volta, trazendo barricas de farinha, carne seca e materiais que seriam de vital importância para sua sobrevivência. 

 Construiu uma balsa maior para trazer madeiras, um armário, arcas, cama e cadeiras além de  utensílios e lonas.

Nos dias seguintes excursionou pelos quatro cantos do lugar subindo a uma colina, a mais alta e assim teve a certeza que se encontrava n’uma ilha, longe do continente.

Em seu diário relatou diariamente, por meses, as aventuras solitárias vividas na Ilha da Desesperança.

À noite em suas orações, pedia ao Senhor que o encontrassem.

Em suas andanças, capturou uma arara vermelha, que por muito tempo junto com o cão seriam suas únicas companhias.

Levantava-se cedo, caçava cabras, lhamas e pássaros, também se dedicava a pesca, colhia cocos, bananas e outras frutas tropicais, abundantes na paragem.

O tempo estava começando a esfriar, ventos varriam a ilha e suas preocupações aumentavam.
 
- Amigo Fred, dirigiu-se ao cão, amanhã vamos procurar um lugar mais seguro.

Uma caverna no topo de um morro serviu-lhes de novo refúgio.

Transportou todos seus
bens para lá e ergueu uma paliçada na boca do túnel.

Temia animais ferozes e silvícolas – jamais os avistara, mas nas redondezas haviam vestígios deles (ossos, pedaços de arcos, flechas pedras e cinzas.

Das sementes que trouxera e plantara, colheu razoáveis quantidades de milho, arroz e cevada.

Havia domesticado algumas cabras que lhe forneciam leite, carne e lã.

O velho marinheiro tornara-se exímio carpinteiro, construtor e agricultor.

- Hoje vamos festejar amigo disse à Fred apanhando uma das garrafas de run que trouxera da embarcação.

Brindou, olhos fixos nas chamas do lampião alimentado pela gordura dos animais que abatera.

O tempo passara rapidamente, as estações se sucediam, perdera a noção das datas mas orientava-se pelo tempo, ora muito quente, frio ou ameno.

Dedicava muitas horas na construção de um pequeno barco – caminho para a liberdade.

- Fred, logo chegará a estação dos ventos que sopram para leste, e até lá, se Deus nos ajudar, chegaremos ao continente.

Tempos depois,do penhasco observou quatro canoas reunidas na praia.

- Virgem Maria, selvagens, e trazem dois negros como prisioneiros.
Por horas, escondido entre a vegetação, observou.

Fogueiras foram acesas, um dos negros foi abatido com bordunadas o outro conseguiu sair em disparada em direção a uma pequena enseada do rio.

Era perseguido por três selvagens, e logo vi que só dois sabiam nadar, o terceiro retornou.

Robinson, desceu rapidamente do penhasco, armado com rifle e porrete.

- Ei...fez  sinal para o negro que estava a uma distância dos perseguidores.

Creio que a princípio ele estava com mais medo daquele estranho da ilha do que dos canibais.

Mas consegui jogar-lhe o porrete com o qual abateu um dos silvícolas, o outro apontava seu arco e flecha para mim...

Embora não quisesse atirar para chamar a atenção dos demais, não tive alternativa, abati-o com um tiro.

O negro caiu sob meus pés, beijando-os – salvo enfim!

O restante do bando, após o banquete, se retirou da praia, sequer se importando com o destino dos companheiros.
 
Graças aos céus não ouviram o disparo da arma.

Tudo isto ocorreu numa sexta-feira , creio, no início do verão.

Pelo fato, resolvi batizar meu novo amigo com o nome de Sexta-Feira.

O restante de minha aventura, creio que todos conhecem: pronta a embarcação meses após rumamos para a aldeia de meu amigo.

Com uma chalupa mais apropriada fornecida pela tribo de Sexta-Feira chegamos a uma ilha e avistamos um navio ancorado a duas léguas da praia.

Reconheceu com alegria tratar-se de um navio inglês.

Feito o contato com o capitão, concordou em transportar-nos para a Inglaterra.
Sexta-Feira, morou muito tempo comigo.

Alfabetizado, integrou-se aos costumes europeus e viveu livremente por muitos anos.

Crusoé continuou por várias décadas suas aventuras pelos mares.
 

Notas:

1.Lembranças da pré-adolescência quando da leitura do livro  ROBINSON CRUSOÉ de Daniel Defoe

2. O texto não é uma cópia fiel do livro original, apenas uma adptação.

 3. Narrativa Onisciente seletiva múltipla