A FELICIDADE DISSE "SIM" ! ( Guilherme de Almeida) = EC

Leopoldina acabava de conhecer o rapaz, mas estava muito bem impressionada com ele.

Bonito, gentil, alegre, tinha tudo para agradar.

Quando ele convidou para um jantar em um restaurante de luxo ficou meio preocupada:

- Eu estou sem dinheiro. Vamos deixar isso para outro dia.

- Imagine! Quem vai pagar sou eu.

- Mas a gente costuma dividir...

- Comigo, não. Quando convido, eu pago.

Leopoldina ficou meio indecisa, mas acabou aceitando o convite

O restaurante era chique, musica ao vivo, comida de primeira.

O rapaz escolheu os pratos mais caros e animou-a a fazer o mesmo.

Disse que estavam comemorando seu primeiro encontro, e, assim foram comendo e bebendo do bom e do melhor sem a menor preocupação com o preço.

Depois de fartar-se ele pediu licença para ir ao toilete e desapareceu.

O aborrecimento com a demora foi se tornando irritação, depois preocupação e, quando percebeu que tinha caído num golpe se desesperou.

Via que o garçom a observava discretamente e não pode mais conter as lagrimas.

Com a vista meio turva observou um belo rapaz que chegando até ela perguntou se podia fazer alguma coisa para ajudar.

Na mesa ao lado um grupo de familiares e amigos comemoravam o noivado de Patrício e Alessandra. O clima era de festa e muita alegria, mas Alessandra estava implicada porque Patrício não tirava os olhos da linda moça que estava sozinha na mesa ao lado e agora chorava.

- Vou ver o que ela tem

- Não vai nada. Você não tem nada com isso.

Mas Patrício já se levantara e, sem dar ouvidos à noiva encaminhou-se para Leopoldina e perguntou:

- Que você tem? Posso ajudá-la?

Assim de perto a beleza da moça impressionou-o. Aqueles olhos azuis banhado de lágrimas, aquele rostinho assustado convidava-o a uma carícia. Parecia tão frágil, tão delicada. que teve ímpetos de tomá-la nos braços, de protegê-la de resolver seu problema fosse ele qual fosse, mas não fez nada disso, apenas perguntou:

- Posso ajudá-la? Precisa de alguma coisa? Quer que chame alguém?

Leopoldina mal conseguiu falar:

- Não, obrigada

Mas Patrício a observara todo o tempo:

- Brigou com o namorado? Ele deixou-a aqui?

Com voz embargada afinal Leopoldina acabou contando ao desconhecido o que acontecera.

Se for só isso não se preocupe. Eu a incluo em meus convidados.

Antes que ela pudesse dizer alguma coisa chamou o garçom e pediu para transferir a conta para sua mesa.

Apesar do alívio, Leopoldina estava muito envergonhada.

Dê-me seu endereço. Amanhã mesmo eu lhe mando o dinheiro.

- Não se preocupe.

Os dois despediram-se com um aperto de mão.

Quando o rapaz voltou a sua mesa a noiva estava furiosa, levantou a voz e antes que o clima ficasse desagradável demais resolveram dar por encerrada a comemoração.

Passaram-se alguns dias.

Leopoldina não conseguia esquecer o incidente. Patrício! Que rapaz atencioso! Qual outro, em plena comemoração de seu noivado ia reparar na garota abandonada que chorava feito uma idiota?

Precisava dar um jeito de restituir-lhe o dinheiro, mas, realmente estava sem nenhum e a quantia era alta demais para ela.

Uma tarde quando voltava para casa com uma sacola de compras em cada mão sentiu que alguém a alcançava perguntando:

- Quer ajuda?

Perguntou já pegando a sacola de sua mão rindo divertido.

- Patrício! Você por aqui!

Caminharam lado a lado até a entrada de seu prédio, conversando.

- Desculpe não ter-lhe pago ainda, mas prometo que assim que receber meu pagamento no fim do mês vou levar-lhe o dinheiro.

- Não se preocupe com isso. Que tal um sorvete para nos conhecermos melhor?

- Sua noiva não vai gostar.

Ele foi evasivo:

- Nos brigamos tanto que nem sei se estamos noivos ainda.

Acabaram marcando um encontro e um ano depois estavam casados.

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Este texto faz parte do Exercício Criativo - Comer, Beber e...

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Maith
Enviado por Maith em 17/09/2010
Reeditado em 17/09/2010
Código do texto: T2503316