Na bunda não dói


- Ontem fui tomar uma antitetânica. Tomei aqui no braço esquerdo, dói pra burro! Não consigo nem levantar o braço direito.
- Mas você tomou no braço esquerdo ou direito? 
- Disse que não consigo levantar direito o braço esquerdo, dói quando eu levanto.
- E por que você não tomou na bunda?
- Sei lá, o enfermeiro era meio gay.
- E daí? 
- Não quis arriar a calça para ele enfiar a agulha na minha bunda. 
- Ai, só você mesmo, não tem nada a ver. Na bunda não dói.
- Se fosse uma enfermeira, mocinha jeitosa assim igual a você, ainda vai. Mas aquele rapaz com braço cabeludo e trejeitos afeminados não me deixou nada à vontade. Nada contra os gays, mas na minha bunda mando eu.
- Falando em injeção, como foi lá na apucuntura?
- É acupuntura que se diz.
- E o que eu disse?
- Acupuntura...
- Então, falei certo, acupuntura.
- Não, você havia dito... apucuntura. Não é apucuntura, é a-CU-pun-tu-ra!  
- Que seja, como foi lá na aCUpuntura? Tomou muita agulhada?
- Tomei, mas é tranquilo, parece picada de mosquito, dá até uma coceirinha. É bom.
- E teve que tomar na bunda também?
- Claro que não, nunca ouvi falar de apucuntura, quer dizer, acupuntura nas nádegas. Quer fazer o favor de parar de falar da minha bunda! Por acaso você tá de olho nela? 
- Olha que se eu fosse enfermeira aplicava-lhe de jeito uma injeção.
- E se eu fosse enfermeiro pegava essa sua bunda e enfiava bem devagarzinho a agulha para não doer e...
- Que é isso, olha o respeito!
- Ai! Não bate no meu braço que tá doendo. Bate na bunda que não dói...


Outubro de 2010

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Este texto faz parte do exercício criativo "Na Ponta da Agulha".
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