CHARLIE, ETERNO AMIGO
Final de tarde, 19 de junho de 2007. Minha casa.
_ Renan, o Igor está latindo lá embaixo no quintal. Tem um gatinho assustado. Corra lá. – minha mãe falou.
Amedrontado e escondido, um meigo gatinho siamês. Sensível e amigável, logo recorrendo ao carinho da minha presença. Naqueles então 16 anos de idade, nunca havia tido um bichano antes.
_ Aqui, mãe. Por pouco os cachorros não o pegaram. De onde será que veio? Ainda é filhote.
_ Deve te sido abandonado por alguém. E pulado o muro.
_ Vou pegar um pouco de leite pra ele.
Assim como já fizera com os cãezinhos abandonados que havíamos acolhido, deixamos o novato dentro de casa, longe dos cachorros que ainda o desconheciam.
Ele me seguia por todos os cantos da casa. Percebi o quanto precisava e queria carinho e proteção.
À noite, numa visita breve e rotineira, apareceram na minha casa minha avó e algumas tias e primos. De primeira mão, todos estavam tendo a oportunidade de conhecer o recém-chegado morador.
Depois foi a vez de meu pai, que chegou do trabalho. Eu crescera sabendo que ele não gostava muito de gatos, principalmente por causa dos passarinhos. Mas a reação não foi nada desagradável com a criatura de olhos azuis.
Naquela mesma noite ele já pôde fazer sua primeira aparição, como coadjuvante em um vídeo de um minuto que eu gravara com a família. Ainda sem nome, lá estava o primeiro gato da casa.
Na hora de dormir, meu pai falou para eu colocá-lo do lado de fora e assim tive que fazer.
Dormi preocupado e ao acordar para o colégio, a primeira coisa que fiz foi logo ver se ele continuava lá e como estava. Felizmente encontrei-o tão bem quanto antes e o trouxe para perto de mim novamente.
A primeira pessoa para o qual pude contar a novidade foi minha colega de classe, Ana Paula. Ela também tinha gatos e pudemos trocar muitas informações sobre o assunto.
Uma outra possibilidade de termos nos afastado foi quando minha mãe disse que uma senhora do bairro queria um novo gato e o meu podia ser a opção. Numa manhã, quando ela apareceu, meus sentimentos de afeição pelo gatinho já eram muito intensos e ligados e eu falei que não o daria a ninguém. Olhando hoje, tenho perfeita convicção de que aquela foi uma das melhores e mais acertadas atitudes que tomei na minha vida. Não consigo me imaginar sem esse gato e tudo de bom que ele vem me proporcionando nesses mais de dois anos nos mais variados momentos.
Ele é um presente de Deus enviado para a minha vida, um dos melhores que já pude receber.
Eu, Renan Maia, brasileiro, ganhava a partir daquele dia meu melhor amigo, Charles Rampling, ou somente, Charlie.
(Charlie não está mais por perto, mas será eternamente lembrado em minha vida.)