Natal

Lá fora o vento sopra

Seu soprar mais parece um murmúrio

Murmúrio?! Sim! De alguém que não se vê apenas se sente.

Ele grita gira e gira descontente.

E em grande agitação, bate ao de leve na vidraça da minha janela.

Empurra as portas e as janelas que se encontram fechadas. Desta minha humilde e modesta casa.

Mas, de repente pelas frechas entra um frio gélido que faz meu corpo tremer.

E decido ir buscar o meu casaco, embora dissesse para comigo de que adianta se o casaco está tão farrapo quanto eu, mas se eu aqui estou porque não o casaco que outrora fora tão bonito quanto eu. Coloquei-o junto do meu corpo, ele pouco aquecia de tão velhinho, e o frio não desgrudava. Para tentar esquecer entro no silêncio da noite e vou até á janela …vejo a rua por entre as vidraças partidas pelo vento.

Que noite triste Escura e sem Luar, ninguém passa nesta noite é Noite de Natal

é noite de consoada.

É noite de família…seria noite da minha família mas todos me esqueceram, família que tive um

Dia.

Hoje: estou como o vento, estou sozinha. Gostaria de ter alguém para falar, para abraçar, falar de tudo, falar de nada, falar do passado falar do presente.

Dei comigo a pensar que queria ver o vento a passar na minha rua.

De mim para mim pensei que devaneio o meu, O vento não se pode ver apenas o posso ouvir e sentir tão triste e só quanto eu.

Mas de novo o mesmo murmúrio, o mesmo frio fez –me sentir novo calafrios no meu débil ser, por entre esse sussurro pareceu-me ouvir alguém a chora. Arrastando os meu pés cansados e de frio tremendo fui á porta pensando: não pode ser do vento este sofrer. Ao abrir a aporta deparei-me com uma velhinha sentada á beira da porta e tremendo de frio tal como eu.

Seus pés não só cansados mas também descalços, e nem um velho casaco para agasalhar.

Enquanto lhe dava a minha mão e dizia para entrar na minha pobre casa, pensava para comigo.

Que quis o vento me dizer, Sem o puder ver nem com ele falar, no seu murmúrio deu-me um sinal.

Pensa bem tu não tens quase nada é verdade, mas não é assim tão pouco, este ser tem ainda menos do que tu tens.

Fá-la feliz neste Natal. Presente não precisas de comprar pois tu também não terias como.

Dá-lhe um pouco do que tens no coração, carinho, uma palavra, e um pouco atenção.

Ela não tem um casaco e tu também não irás mais precisar desse teu casaco velhinho.

Vossos corações irão aquecer as vossas almas os vossos corpos, e amanhã o sol vai entrar por essas mesmas frechas trazendo o calor da amizade e da solidariedade, e parecendo tão pouco é e será a lembrança de um Natal mais feliz que todos os outros!

Leo Marques

10/12/2010