...Que me diz você?

Suas palavras truncadas não me coagem, aliás, o acho medroso. Fosse você esse homem todo, viveria eu aos suspiros pelos cantos. Não seja maldoso, que de suspiros sobrevivem na miséria ao menos algumas pessoas, suponho. Sempre há quem se viva por menos por qualquer motivo eu creio... Por mais que queira eu, morrer de vez em quando, é tão mais fácil que ir até a farmácia comprar alguma arma, ir a janela acender mais um cigarro... Nem posso me culpar, tenho álibi para tudo. Caso eu quisesse de fato transgredir meu próprio senso de responsabilidade moral, poderia eu fazer tal qual brincadeira que se faz em pintar branco papel. No mais ver, há tanto desentendimento entre mortos e feridos que seria tão fácil convencer-te disto que nem alguma graça eu acharia nisto. Acreditar-se-ia não em mim, mas na coincidência do meu dizer em ser o que queres ouvir. É ai que vou embora como sempre, achando grança das piadas desinteligentes que gritam ao redor. Por ali sou certinha demais e até prevejo morrer de certeza. O que transparece aqui é diferente... Falta-me paz de espírito. Rotineiramente cumprimento uma mentira. Sou minha criminosa preferida, sonsa, desentendida, parecendo entediar-se. Sou minha própria víbora. Adoro ver como me enrolo em minhas próprias mãos. Sou duas de dois opostos inteiros em mim. Tenho vergonha se algum dia tive medo de apanhar. Ainda que possas me bater, o que poderia você depois dizer? Palavras truncadas não iriam responder.

Caroline Natalie Stroparo
Enviado por Caroline Natalie Stroparo em 05/01/2011
Código do texto: T2710776
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