PRETO VELHO

 

 

 

 

Assevero que ele exagera sobre os riscos que existem além-muro. Pela maturidade, ele a segura. Pela juventude, ela se aventura.

Dizem que ele é preto velho e só resmunga, enquanto ela, pomba- gira, gira, gira... sobre o comboio que passa. Passa e deixa rastro.

Enquanto a pomba gira, o preto velho resmunga riscos em linha reta. Traça o perigo que juventude alguma vê. E ele fala e fala, aos ouvidos do vento. E o vento não para. É impulsionado pela força do querer.

Sei não! De repente vi que ele desistiu. Deixou-a ir, até porque não tinha mais como prendê-la. Arriscou inclusive, pedir proteção aos céus antes de tirar os nós do travesseiro para que, finalmente, pudesse deitar sua cabeça branca e cansada de preto velho.

Acendeu velas, muitas velas, e cada uma delas teria que lidar com sua própria chama e fazer sua própria jornada.

Lá no alto, distante disso tudo,  vi que a lua  espreitava a silhueta do preto velho com aquele olhar de silêncio profundo, enquanto seu reflexo no mar gargalhava em espumas.




 

 

heleida nobrega
Enviado por heleida nobrega em 14/02/2011
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