A COR DA VIDA DO LADO DE FORA...

 

 

 

No arremate de cada tarde, a sombra de uma pequena silhueta espreitava através da janela, o vento que se espargia lá fora. Tal imagem  incomodava a jovem do lado de fora  com os cabelos trançados, sentada ao pé da escada da casa vizinha.

Apanhava folhas secas que se desprendiam do tronco mãe, na terna despedida do verão. Guardava-as uma  a uma, numa caixa de madeira  talhada com mãos de artista. A caixa que outrora havia acolhido objetos preciosos de sua avó. Uma cena ímpar e melancólica.

As folhas não alcançavam o alto daquela janela, pensava ela, assim como os sonhos. Sentia que o sorriso da menina da casa alta era estreito,   sem a mínima chance de se alargar.

 Já era quase noite, quando a campainha anunciou sua presença  em meio  à ausência de qualquer outro som. Entrou, carregando em uma das mãos a caixa de folhas secas  envolta em laço de cetim bege  e  na outra, um pequeno vaso de violetas.

 Numa mão, a doce menina vizinha fazia reverência aos retalhos do esplendor da natureza, na diversidade de formas e tons de marrom. Na outra, a vida representada por um vaso de minúsculas violetas aveludadas para serem apreciadas e cuidadas a cada amanhecer.

A cor da vida do lado de fora, nos primeiros passos do lado de dentro...



heleida nobrega
Enviado por heleida nobrega em 26/02/2011
Reeditado em 03/03/2011
Código do texto: T2816646
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.