NUVENS AZUIS - ESTRELAS ROSAS (Lia Lúcia Sá Leitão - NORMANDA)

NUVENS AZUIS - ESTRELAS ROSAS

(Lia Lúcia Sá Leitão - NORMANDA)

Quando Ela abre os olhos diante do espelho e percebeu a crise existencial, o conflito entre claro e escuro, buscou uma das duas opções para dominar a tristeza da alma; desistir do cinza e buscar a luz ou permanecer na sombra e coberta em véus.

Ainda podia sonhar com as nuvens azuis ou ficar de olho num céu a beira mar procurando a estrela cor de rosa. Pensou nas convenções: azul masculino, rosa feminino, hum!

A cor da tristeza, a outra, a da esperança.

Ali, naquele instante que tipo de cor preferia ser, aquela que traduz um sorriso infantil ou a outra que desvenda o olhar de quem espera a felicidade que chega atrasada.

A esperança ainda dobra a esquina quando sua mão segura um graveto e rabisca na areia nomes, nomes de tudo, mar, peixe, estrelas, flor.

Nomes que nomeiam outros nomes, nomes que não significam nada.

Ela pensava nos lilás cultivados em jarrinhos na janela, queria a cor lilás, queria ser lilás, sim!

Toda a harmonia estava ali, toda saúde estaria ali, tudo que pudesse imaginar de são e de bom estaria ali.

Voltou para casa, abriu a porta, afastou as cortinas da sala, colheu todas as flores e jogou pelo apartamento, por cima dos móveis, sofá, corredor, cadeiras e finalmente apenas dois raminhos sobravam-lhe nas mãos; com um enfeitou os cabelos e o outro deixou em repouso no travesseiro ao lado, ocupando o espaço vazio do parceiro que voou para outras geografias.

Normanda