Teremos uma segunda chance?

Acordou espantado. Nada fazia sentido. O calendário, o relógio, as pessoas, tudo apontava para seis anos antes. Sonhando? Dormiu de novo. Acordou. Mesma coisa. Loucura talvez. Resolveu não sair de casa. Passou o dia inteiro ouvindo no rádio as paradas de sucesso de seis anos atrás. A noite chegou e ele foi pra cama assustado, mas esperando acordar desse pesadelo.

Não podia ser. Esse pesadelo não acaba? Era o segundo dia que acordava no passado. Resolveu novamente não sair de casa. Ficou trêmulo, inconformado. Resolveu dar um basta. Se tinha que ser assim, jogaria o jogo. Tomou banho, se vestiu e foi trabalhar. Ao apanhar o ônibus, lembrou que nessa época ainda não trabalhava, cursava faculdade com o dinheiro que seu pai lhe mandava do interior. Voltou pra casa assustado.

Ao chegar em casa, uma linda moça o esperava no portão. Pronto. Era o dia! Laura! Olhou pro relógio. 10:15am. Faltavam três minutos para o dia e a hora em que havia assassinado Laura com um tiro no peito. Motivo? Traição.

Agora tudo fazia sentido e ele mesmo resolveu se transportar por inteiro. Ao chegar no portão repetiu os mesmo gritos de porque você fez isso, e escutou as mesmas respostas de eu não fiz nada.

Os dois entraram. Eis o momento. Ele vai até seu armário. Lá estava seu revólver. Fez tudo do mesmo jeito. Apontou a arma pra Laura. Lembrou de tudo novamente. Agora era diferente. Sabia dos seus seis anos que se seguiriam. Pensou o que tinha de pensar. Não sabia porque, mas tinha voltado no tempo e tido a chance de refazer sua vida.

Ele não atirou no peito de Laura.

Descarregou o revólver, Seis tiros. E Laura caiu com a cabeça esfacelada.

Marcelo Mosque
Enviado por Marcelo Mosque em 16/11/2006
Reeditado em 16/11/2006
Código do texto: T293036