O MENINO ENGRAXATE

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O MENINO ENGRAXATE

Autor JOSÉ MAURO C MENDES

Para contarmos histórias que foram vivenciadas no dia a dia na Caixa ao longo dos seus 145 anos, temos que primeiro viajarmos no túnel do tempo e rememorarmos à época do império, com o “montepio” na captação de depósitos, o ”monte-do-socorro” empréstimos, penhor de jóias e mercadorias e os depósitos dos escravos com a finalidade primeira de comprar a carta de alforria. Nota-se que essa vocação da Caixa de melhorar a qualidade de vida das pessoas mais necessitadas vem de longa data. Talvez encantado por tudo isso, apesar da tenra idade e iluminado por toda graça; o menino engraxate um dia seria cidadão digno. Nascido em Morrinhos pequena cidade do Sul de Goiás, conhecida como a cidade dos pomares, distante de Goiânia 125 km .

Pelos idos de 1962, com seus sete anos de idade, recebia de seu pai como presente de aniversário, uma caixa de engraxar sapatos. Viveu a engraxar pelas ruas, pela praça do mercado, pela subestação rodoviária. Dedicou-se esse menino esperto e inteligente, a cumprir com rigor e obediência seus estudos primários. Sendo também assíduo freqüentador das aulas de catecismo.

Crescendo com sua simplicidade, educado e solícito prestava serviços auxiliares nas bancas do mercado, para ali ganhar alguns trocados. Entregando de bicicleta as encomendas nas residências dos ricos, não perdia tempo; na subestação carregava as malas dos viajantes por alguma gorjeta.

“O Mundo ensina, que sobreviver é lutar”. Um lema que este menino desde cedo assimilou muito bem.

Concluídos seus estudos primários, foi estudar na capital. Estudava à noite, pois o dia para ele era sinônimo de trabalho. Afim de crescer dignamente como a cidade crescia, o menino interiorano nem se intimidou com a metrópole. Morando com seus avós, logo de madrugada arregaçava as mangas e saia em sua bicicleta; ia entregar o jornal matutino.

O regime militar o encorajava, pois vivia sempre no campo da obediência, da moral e da responsabilidade. Crescia o menino engraxate da cidade dos pomares em sabedoria e obstinação. O seu convívio profissional nos meios intelectuais enriquecia seus conhecimentos, aproximava-o cada vez mais de pessoas cultas, influentes e orientadoras. Foi o seu trunfo, pois, paralelamente convivia com a marginalidade reinante, massacrante e impiedosa das metrópoles.

No primeiro concurso público a que se submeteu, foi aprovado, tornando-se então empregado da Caixa Econômica Federal, tomando posse em 1976 na cidade mineira de Barbacena, situada na região da Mantiqueira. Esta universidade chamada Caixa, lhe fez cada vez mais cidadão.

Trabalhou em diversas cidades de Minas Gerais durante vinte e quatro anos, desempenhando funções gerenciais, das quais destacam-se saudosamente:

sua passagem pela cidade de Bicas, charmosa e acolhedora que muito lhe ensinou no aprendizado gerencial; pela garbosa e hospitaleira São João Nepomuceno, há de se registrar que dos seus quatro filhos, dois ali nasceram e finalmente por Visconde do Rio Branco onde encerraria sua peregrinação por aquele estado.

Hoje ostenta honrosamente o seu brasão goiano de mais de trinta anos de serviços prestados a esta magnânima empresa, que jubilosamente o faz um homem vitorioso.

jose mauro candido mendes
Enviado por jose mauro candido mendes em 21/11/2006
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