A Pequena Puta em Flor
Seu nome? Valéria. Cristina. Maria. Eloísa. Kely. Adriane. Uma vez foi Sabatine para um milionário portenho, velho, gordo, cheirando a incenso que imaginava a mulher que o largara em 1950. Também atendia por "pequena": semente de seixos, ornada pelas palavras mais belas e também as mais chulas que os estivadores, marinheiros, turistas, todos os tipos de homens que frequentavam o cais lhe davam.
Nesse tempo era o que lhe repetiam nos becos. As donas dos maridos e as mães formavam-lhe a petulância de querer não se rebaixar a ninguém quando contumaz lhe diziam: "pequena puta em flor". Com isso, não mudava, ao contrário, vestia shorts jeans, minissaia mostrando sempre a calcinha branca ou amarelinha. Enrubescia-se com a maquiagem da tia e não dava conversa a ninguém.
Com o tempo a petulância passou a ser um gosto, o tempo em que realmente deixou de ser virgem. Que pela primeira vez fez a virilidade de um homem dobrar-se no meio das suas pernas. Depois, o decartou como se nunca o tivesse conhecido. Anos mais tarde quando ela já era a rainha do submundo, esse mesmo homem pagou-lhe o contrato de 50 dólares, depois se enforcou no andaime de um prédio em construção, ele deveria ter outras frustrações, mas parecera que fora envenenado pelo gosto da primeira colheita. Pagar era o único jeito de amá-la.