O vivo cantar da gaivota

Lírio da Serra é uma linda cidade. Cidadezinha pacata como aquelas do interior. Lá mora uma bela e jovem menina. Seu nome é Pérola. Ela vive com seus pais, o seu Estâncio e a senhora Lindalva.

Pérola gosta de sair todos os dias pelos campos, passear entre os lírios e gerânios. Passa a tarde admirando toda aquela estupenda obra do criador:

- Ah! Como é admirável olhar os pássaros a voar nos céus! Um dia serei como aquela gaivota...

E, assim, ficava horas contemplando a beleza da natureza.

Quando o sol já ia recolhendo seu fulgor, sua mãe a chamava:

- Pérola? Minha filha! Vamos querida. O jantar está na mesa.

-Já vou, mamãe. Só vou me despedir das gaivotas.

E assim eram as tardes da menina Pérola.

Chegava em casa radiante. Contava a seus pais como eram as cantorias das aves. Sabia, até mesmo, imitar o canto das mais variadas espécies de pássaros. Tinha uma voz tão linda, tão aguçada que todo o povoado gostava de apreciar suas eufônicas melodias.

Aconteceu que, numa certa noite, toda vizinhança decidiu se reunir em torno da fogueira para cantar, enquanto admiravam a beleza do luar cintilante. Pérola cantava acompanhada do som de uma viola. De repente, o canto esmoreceu. Pérola estava lívida. Seu coração tinha sido traspassado pela sanha de uma bala perdida.

Lírio da Serra acabava de perder sua gaivota. Os habitantes daquela cidade ficaram profundamente tristes. Dona Lindalva não se agüentara de pé. Em todos os cantos da cidade só se ouviram os soluços de muitos a deplorar a tragédia.

Chegado o dia do funeral, lá estavam todos enlutados. O padre caminhava na frente do imenso cortejo.

Eis que, chegado o momento de depositar o caixão no túmulo, uma gaivota pousou sobre a sepultura. Começando a cantar arrancou lágrimas e lembranças, deixando todos extasiados. A cantoria da bela ave durou toda tarde.

Até hoje, quem vai de tarde àquela cidade, tem o privilégio de estudar o agradável e harmonioso cantar daquela gaivota que armou seu ninho em frente a casa da saudosa pérola.

Frei Zilmar Augusto OFM
Enviado por Frei Zilmar Augusto OFM em 11/06/2011
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