A Cura

O despertador marca duas e vinte da madrugada. Ela já não suporta mais olhar para ele... sempre com o desejo que o mesmo toque, indicando que nascera um novo dia - que se não resolve o seus problemas mas lhe coloca na atividade diária e o ameniza, talvez. Todos dormem, o que aumenta ainda mais a sua ansiedade.

Vânia sabe o que sente. Não é esta a sua primeira crise de pânico. O despertar brusco e a sensação de que algo terrível está para acontecer, já lhe era conhecido. Apesar disto, não diminuía o seu sofrimento. Mãos gélidas e suadas, a palpitação e a estranha sensação de que tudo não faz sentido é algo incontrolável e que lhe antecipa o problema por medo de revivê-lo.

Resolve não incomodar ninguém, acha também que ninguém poderia lhe ajudar. Então veste- se num jeans, põe um ténis e sai silenciosa para andar um pouco e quem sabe assim fugir do turbilhão de pensamentos desconexos a se atropelarem em sua mente.

Os primeiros passos são de insegurança e temor, mas aos poucos a paisagem noturna da orla, ainda movimentada, e a brisa suave que vem do mar, lhe distrai e a faz sentir-se melhor – queria não mais voltar para casa. Ela resolve sentar um pouco de frente para o mar e fica por um instante respirando profundo como se praticasse um ritual de relaxamento, quando sente uma mão tocar o seu ombro. Era um rapaz muito bem afeiçoado, que riu com a forma assustada como ela reagiu. Ele lhe pede desculpas e pergunta se pode sentar ali. Vânia reponde que sim. Era um morador novo do prédio em que ela mora – ainda não se conheciam. Vânia descobre que o motivo de Robson está ali àquela hora era justamente o mesmo seu. Ele lhe contou que havia dias – devido a problemas financeiros – que não conseguia dormir direito e tinha a sensação estranha de que iria morrer a qualquer instante. Vânia lhe ouvia atenciosa e estranhamente se sentia bem – como que estivesse aliviada por alguém sentir os mesmo transtorno que tanto lhe perturbava. Ela não o revelou que também estava sentindo o mesmo, mas se propôs a ajudá-lo. Linda, inteligente, aos 29 anos, seria ela também um bálsamo para aquele jovem atormentado.

Ele a convida para ir ao seu apartamento (que coincidentemente era uma andar abaixo do seu) para tomarem algo juntos. Lá eles tomaram vinho, dançaram, riram e conversaram descontraidamente até adormecerem um nos braços do outro.

A noite seguinte eles voltaram a se encontrar. Vânia só tinha pensamentos agora para o novo amor durante todo o dia, e à noite vê-lo era a única ansiedade.

Hoje eles nem lembram se um dia foram atormentados por nenhum sofrimento. Um poderoso elixir milenar os curou. O amor!

*Esse é o meu primeiro conto. Não é a minha praia (se é que tenho alguma), nem sou muito bom em gramática.... aguardo comentários que me ajudem a seguir e aprender!

Damísio Mangueira
Enviado por Damísio Mangueira em 13/06/2011
Reeditado em 13/06/2011
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