Amor que nasceu em dois corações distantes

Quem olhava praquela moça atravessando a rua de imediato concluía que ela não iria parar o trânsito. Não mesmo, fora de cogitação. Precisava de um pouco mais de graça da natureza pra ser chamada de bonita. Não que fosse feia. Diga-se que era normal. E o normal não desperta interesse. Sendo assim passava despercebida aos olhos cobiçosos dos homens e comparativos das mulheres.

Seu encanto estava nas palavras. Pena que nem todos estavam dispostos a conhecê-la a esse ponto. Pra maioria a aparência ainda importava bem mais que o caráter ou a doçura da alma. Em partes, isso não a afetava. Isso excluia o tempo perdido com pessoas superfluas, melhor assim. Claro que em algum dia desejava imensamente um pouco mais de atributos fisicos, sobretudo nos dias de TPM, quando não há auto-estima que resista.

Estranhamente as coisas fluiam bem mais em conversas à distância. Tá, virtuais, caso queira. Pelo fato de que nesse tipo de contato, passada a fase da aprovação física, o que resta é a conversa. E na conversa aquela moça era privilegiada. Era inteligente, extrovertida, de um senso de humor apurado, e de uma educação cativante.

E foi assim que conheceu o amor de sua vida. Não se iluda. Não foi algo instantaneo como sugerem os filmes de romance. Foi mais como o resultado de anos de pessoas erradas, pra no fim conhecer a certa. Teve muita conversa sem graça, muita gente sem conteúdo, muita gente mal intencionada... Mas pela preciosidade que encontrou, valeu a pena cada momento à procura.

Que afinidade era aquela? Quanto em comum. Supreendia-se a cada nova conversa. Encantava-se a cada despedida. Apaixonou-se. E nas palavras que lia percebia que seu amado também havia se enamorado. Supriam a falta do contato físico pelo diálogo, o conhecimento mútuo, a descoberta do outro com interesse infindável.

Esse sentimento tomou dimensões maiores. Precisavam se por frente a frente. Testar a quimica dos corpos. A sintonia do olhar. Sem impedimentos, isso logo aconteceu. Ah que surpresa!

Se suas almas se entendiam pelas palavras, seus corpos ainda mais no aconchego um do outro. No primeiro momento, aquele primeiro abraço respondeu as mil perguntas que assolavam o coração. Sim, ali naqueles braços é que sempre desejaram se abrigar. O amor que havia nascido em corações distantes, bem ali, naquele momento tão esperado, foi selado por um beijo que trazia certeza: não havia mais distância capaz de detê-los.

Jordana Sousa
Enviado por Jordana Sousa em 15/07/2011
Reeditado em 16/07/2011
Código do texto: T3098137