Bolha de Sabão
Deitei-me ao seu lado na cama estreita. Ele estava ali, esta noite, ele estava comigo e sorria de um jeito meigo me vendo puxar o edredom até o ombro, compartilhando o calor que ele transferia ao tecido.
Fechei meus olhos enquanto ele passava os braços em meu entorno, sosseguei minha cabeça próxima a seu peito e sorri. Fiquei imaginando que ele também sorria e quis tirar a prova, esgueirei meu olhar até o dele, seus olhos se perdiam nos meus, um pouco longes em pensamento, mas seus dedos distraídos nas mechas de meu cabelo me faziam acreditar que era qualquer pensamento sobre nós dois.
Ele estava silencioso como sempre, apenas ouvia os batimentos tão conhecidos, indo de seu coração direito aos meus tímpanos, sua respiração tranqüila, me afastei um pouco para poder olhá-lo melhor.
Ao contrário das outras veze, ele não corava, a pele branca permanecia branca e os olhos continuaram esquadrinhando os meus.
Levantei minha mão e toquei seus cabelos com medo de que ao simples toque, ele fosse sumir como uma bolha de sabão, tão de repente quanto voltara.
Mesmo o perfume e o toque sendo da mesma doçura de sempre, havia qualquer coisa estranha, qualquer ar fora de lugar. Somente quando seus olhos fitaram os meus de novo e, baixo, só pra mim, sussurrou que me amava que entendi.
Não precisava nem ter dito aquilo para estragar tudo, simplesmente foi sumindo devagar, entregando assim minha falsa esperança
As lágrimas surgiram rápidas e o desespero se instalou ao meu lado na cama onde antes estava a minha mais doce ilusão, só isso.