O Aniversário de Jesus

O Aniversário de Jesus

Vem chegando o Natal e eu comecei a pensar sobre o Aniversário de Jesus. Foi uma mesa farta, enfeitada com uma tolha branca – simbolo da pureza, com um caminho lindo todo vermelho – símbolo do Sangue e com apliques verdes – simbolo da esperança no céu. No centro da mesa um cajado vermelho e branco – símbolo do pastoreio, cheio de doces e bombons para as crianças.

Ao lado, ainda na sala de jantar, uma mesa menor, também contendo as cores simbólicas em sua preparação, tem como principal decoração um presépio barroco, e ao seu lado a cesta de cartões de felicitações, mas nem os cartões e o presépio prenderam a atenção por mais que 5 minutos. São necessários, mas esquecíveis, o que importa mesmo são os presentes.

Em minha imaginação vi Jesus sentado entre os convivas, a observar todos à sua volta. Até agora ninguém falou coisa que vale a pena à ele ainda, mas ele insiste em puxar conversa com os presentes. Embora seja em vão, as pessoas não dão muita atenção aos “penetras”, é assim que uma das crianças o definiu ao perceber que na verdade Ele entrar ali ao ler na placa da porta: “Seja bem vindo, Jesus. O aniversário é seu”.

Aos poucos aos pessoas vão se entretendo entre si e saem da mesa, indo curtir suas conversas na sala dês estar, deixando Jesus ali ainda, sentado, sem esperança de ouvir de alguém, já que os assuntos ali eram os de sempre, as fraldas das crianças, a qualidade do pão, os índices da Bolsa. Sentindo-se desiludido, Jesus levanta-se de seu lugar disposto a ir embora – até porque ninguém notaria mesmo sua ausência, quando uma das crianças aparece e puxa o pela mão para brincarem juntos com seu novo jogo eletrônico, Jesus, satisfeito, tentar conversar com a criança que diz de pronto que conversar desconcentra. Mais uma vez Jesus cala-se, nem entre a criança há mais a naturalidade de uma conversa despreocupada. Seus olhos passeiam pela grande sala de jogos e vê que cada uma delas está focada em uma atividade individual.

O jogo termina e Jesus é esquecido mais uma vez ali, onde silencioso volta aos planos de deixar a festa. Neste ínterim alguém grita: “Hora dos presentes!” Jesus vai ao encontro de todos, mas de novo não é notado.

Em meio a uma algazarra fenomenal, os presentes são trocados entre si e todos recebem seus presentes, mesmo agora, entre a alegria, Jesus nota que os abraços entre eles são automáticos, alguns nem sabem se abraçam, beijam ou apenas aperta a mão. Os mais íntimos ainda se entregaram a uma abraços mais afáveis e sorrisos cúmplices, mas a falta de jeito de alguns era visível, ao menos para Ele que tudo observava.

Jesus levanta-se para ir de fato embora, quando o menino do jogo, volta em sal direção para brincar de novo e nota que suas mãos estão vazias e grita: “Tem gente sem presente!” Os adultos ficam em pavorosas e depois de alguns minutos de considerações, notam que é o visitante de nome Jesus, quem ficou sem presente.

Os ânimos se alteram em prós e contra – porque ninguém pensou em um presente extra, perguntou alguém – mas aos poucos a questão saiu de cena, já que todos o viam agora como um penetra, um estorvo à ordem geral.

A criança, não se sabe o motivo, já que parecia inserida no meio, não se conforma com a situação, mas por ser voto vencido, resolve apelar para a técnica do resolve tudo infantil: chorar.

Agora as pessoas prestam muita atenção no mesmo ponto da sala, ali está Jesus tentando acalmar a criança, que ao perceber que suas lágrimas não estão convencendo, torna seu choro muito verdadeiro.

Alguém insiste mais uma vez que o convidado era inesperado e, outro, por maldade diz: “Se esta tão preocupado, dê seu presente pra ele”. O que ninguém esperava era que o menino erguesse do chão seu jogo e o entregasse nas mãos de Jesus.

A mãe ensaia um passo em direção ao filho e ao desconhecido, mas para ao ser barrado pelo pai, que acha a atitude do filho digna.

Jesus, notando o embaraço geral, entrega com carinho o presente ao menino e se levanta, pronto para sair.

Alguém diz algo e Jesus apenas diz:

Entrei porque fui convidado. - Vira-se de novo em direção a porta e se afasta.

Ainda ouve alguém dizer meio sarcástico, quer presente, como se entrou se ser chamado.

Jesus olha na direção do tagarela, e com o olhar neutro, diz apenas:

- Mas eu sou o aniversariante!

Cruza a porta e quando leva a mão a maçaneta, todos podem ver seu pulso, uma cicatriz estranha descansa visível, como se algo tivesse ultrapassado o braço do estranho visitante.

Ele saiu. As pessoas entreolham-se e nada falam, momentos depois o incomodo é esquecido. Somente o menino ainda lembra que brincou com aquele adulto que faz aniversário no Natal. Sua vozinha infantil, diz de si para si, Jesus me abraçou. De novo se coraçãozinho enche-se de esperança, quem sabe Ano que vem Ele volte? Eu vou trazer seu presente. Ele sabe, que as outras pessoas ali, que já se esqueceram da presença do aniversariante, jamais acreditarão no que seus próprios olhos viram.

Jesus estivera com eles.

Elisabeth Lorena Alves
Enviado por Elisabeth Lorena Alves em 07/11/2011
Reeditado em 17/09/2015
Código do texto: T3322467
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