"AMOR CLANDESTINO"

Quando ouvi o abrir da porta e o som de sua voz, desci as escadas correndo e me atirei em seus braços. Beijei-te com toda minha loucura e saudade. Fomos nos despindo, enquanto subíamos as escadas em direção ao quarto, nosso ninho de amor. A nossa cama nos esperava como sempre perfumada, com lençóis macios, era assim que eu sempre deixava, porque não sabia mesmo o dia que você viria. Deitamos-nos já nus, suas mãos percorriam meu corpo com caricias perfeitas e sedutoras. Nossos corpos se entrelaçavam na ânsia desse amor. Saudades e desejos contidos por dias de espera, tua ausência me deixava ainda mais e mais enlouquecida. Naquele momento me entregava a você, com toda minha volúpia e sedução. Não havia limites pra esse amor, tudo era permitido, beijos intensos, caricias provocantes, respiração ofegante, o calor dos nossos corpos, era o termômetro dos nossos desejos. A saudade justificava tanta entrega e tanto despudor, e nos amávamos com a liberdade dos amantes. O champanhe no gelo aguardava o momento do brinde, na celebração desta paixão, morangos acompanhavam, para adoçar ainda mais sua boca na minha. O cenário era perfeito, e nossa atuação era de primeira. Você me levava a loucura, provocando arrepios por todo meu corpo, já não era mais dona de mim, inteiramente sua, deixava as sensações tomarem conta de mim, num êxtase de amor e paixão. O tempo passava num relance e depois do amor, adormecia em teus braços satisfeita e completa. Mas logo em seguida, me despertava sem sua companhia, ouvia o descer das escadas, o fechar da porta e o acelerar do seu carro, que anunciava a sua despedida e a incerteza da sua próxima volta. Mesmo acostumada com aquela situação me abalava, me decepcionava e as lágrimas anunciavam a frustração, que isto me causava. Sentada em minha cama, ainda sentia teu cheiro e tudo me lembrava você, mas a magia do amor era transformada em amargura e solidão. Um misto de sentimentos tomava conta de mim, dor, saudade,desilusão e raiva de mim mesma, por continuar aceitando dividir com você esta vida dupla, onde me doava tanto e recebia tão pouco em troca. Sonhava passear de mãos dadas com você pelas ruas da cidade, freqüentar ambientes da sociedade e ser vista em tua companhia, mas, eu não podia fazer parte desta tua realidade, porque você já tinha alguém que desempenhava esse papel em sua vida, eu era apenas “a outra”. Decidi, portanto naquela noite, por um ponto final nessa nossa história, sofreria, mas estava mesmo decidida, não ia mais querer você comigo, não ia mais pagar o preço desse amor clandestino.

Quando ouvi o abrir da porta e o som de sua voz, desci as escadas correndo e...

Rosana de Pádua
Enviado por Rosana de Pádua em 10/11/2011
Reeditado em 11/11/2011
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