Tempo passageiro

     Uma bela tarde, um café amargo, um livro de comédia romântica para ler. Poderia estar faltando algo? - Sim, Está faltando tudo! Estão faltando você, os amigos, carinho, e o amor. Quem diria que eu, uma garota que sorri a todo o momento para as pessoas a sua volta, poderia sentir falta de tanta coisa ao mesmo tempo. Na verdade nem eu mesmo compreendia. Às vezes tentava ser forte, como de costume, mas algumas vezes cansava disto e escorriam algumas lágrimas do meu rosto, procurava desabafar com alguém, pena que esse alguém talvez nunca tenha existido, apenas em meus pensamentos.
     Grande parte do meu tempo costumava passar escrevendo. Como um diário, para pelo menos tirar aquele sentimento forte do peito. Pode ser que isso não fosse mudar a realidade, porém já tirava um grande peso das minhas costas. Na verdade, minha vida nunca foi lá das melhores. Talvez eu andasse assistindo filme americano demais então acabava esquecendo que nos filmes as histórias costumam ter finais felizes. E quem irá me garantir que vou ter um final feliz? Eu só gostaria de sair da rotina que não me faz bem. Quem sabe de roupas, de humor, de tudo e de vida. É, acho que mudar seria o fundamental para afastar do mal e me mostrar um caminho diferente, no qual eu possa inverter essa situação e quem sabe ter um satisfatório. Eu preciso de você, pra conseguir ser eu, pra conseguir ser feliz. Fica, por favor,
     Deitada, coberta, travesseiro na cabeça e o silêncio. Mas o que me matava eram aquelas fotografias, aquelas lembranças que pareciam lutar contra meu sorriso. Não entendia o porquê esquecer era quase impossível. Apenas ficava remoendo o que me fazia falta, apenas me arrependia de ter tomado aquelas atitudes, ou de não ter tomado nenhuma. Ligava a televisão, ouvia radio, mas dentro de mim era apenas uma voz, dizendo: “Eu te amo” e minutos depois: “Tenho que ir”.
     O pior que não foi por ódio, não foi por desavenças, foi simplesmente o destino, o destino que talvez castigue tirando a vida de quem mais eu amava, e por isso me odiava, porque ao invés daquele ser que tanto eu amava a morrer em meus pensamentos, a morte não lhe levava. Assim levava minha vida, noite após dia vivendo com minhas lembranças, tentando superar as magoas deixada pelo caminho, com a esperança de seguir em frente e deixar o passado bem longe do meu presente.


Escrito por Marina Tereza.