O QUINTAL ENCANTADO



Lá estava Joana. Com o seu narizinho arrebitado encostado na cerca, os olhinhos brilhantes a namorar as roupas que dançavam um doce balé ao vento.
Dona Maria todos os dias lavava grandes trouxas de roupa e depois para a felicidade da menina, estendia-as no varal.
O quintal da casa de dona Maria era como um parque de diversão para a menina. Pobre, órfã de mãe, Joana morava numa minúscula casinha no final da rua. Não tinha quintal, pois era apenas uma meia-água com dois cômodos que o seu pai pode alugar.
Viúvo, trabalhador incansável, seu Pedro, pai de |Joana é um homem triste e solitário. Apenas a presença desse pequeno anjo alegra os seus dias. Joana na inocência dos seus quatro aninhos é a alegria da casa. Sempre com sorrisos e beijos minora a amargura desse pobre pai.
Quando o seu pai está em casa, Joana tem permissão para passear na calçada que vai até a igrejinha do bairro, mas não pode atravessar a rua, obedecendo as ordens carinhosas do seu pai.
À tarde, quando seu Pedro vai para o trabalho, Joana vai para a escola. Na fábrica onde ele trabalha conseguiu combinar o horário de entrada com a ida de Joana para a escola. Assim pela manhã, faz a arrumação da casa e o almoço para os dois. Quando Joana sai da escola, a filha de uma vizinha leva-a para casa e lhe faz companhia até a chegada de seu Pedro da fábrica. Normalmente, quando ele chega, Joana já está adormecida e nem repara nos beijos e afagos que recebe do seu pai.
Nessa hora seu Pedro muito lamenta a perda da esposa. Mas sabe que esse é o destino de todos nós. Dona Frida morreu de câncer, perdendo uma batalha de três anos seguidos.
Mas a presença de Joana na sua vida não permite que ele se entregue ao desespero, pois sabe a felicidade da menina depende somente dele agora.Joana, menina esperta, sempre pressente quando o seu pai está triste e procura meios de alegrá-lo, cantando e contando histórias engraçadas.
Na escola, Joana é destaque da turma. Sempre presente nas aulas, já está aprendendo as primeiras letras e sabe os nomes dos objetos e animais que possuem aquelas letras. Gosta de pintar, de cantar e de participar dar apresentações da escola. No recreio está sempre na companhia das outras crianças, sempre a correr e brincar alegremente.
Na igreja, é a alegria do pároco do lugarejo. Não falta às missas, e já sabe muitos louvores e orações. Foi o pároco que lhe explicou que sua mãe foi para o céu morar com os anjos. E assim, todos os dias quando Joana vai para a escola, dá adeus para o céu, certa que a sua mãe está lhe vendo de lá. A sua fé e bondade são exemplos para muitas crianças e até mesmo para os adultos, que já não crêem em nada.
Quando chove ela diz que são as lágrimas dos anjos que cortaram os joelhos. Quando está sol, ela diz que os anjos estão contentes e cantam até brilharem, iluminando tudo. Para Joana não existe tristeza.O importante é estar sempre observando as roupas que dançam ao sabor do vento.
Dona Maria, como as outras vizinhas sempre têm um agrado para fazer à menina. Ora é um pedaço de bolo para aquela gulozinha, ora é um doce, um brinquedo ou uma roupa usada. Qualquer coisa faz a alegria da pequena travessa.
Dona Maria também é viúva e mora sozinha. Sua vida é alegrada pela presença de Joana. E não tem idéia do que está passando pela cabecinha da menina, que há dias sente-se inquieta.
Joana pensa que Dona Maria pode ser sua mamãe de criação, pois na sua escola existem outras meninas que também são adotadas. Mas pensa como pode fazer???
Joana resolve conversar com o padre José, que é seu amigo, e o pároco prontifica-se em ajudá-la, desde que o pai e dona Maria concordem. Assim o padre resolveu conversar com os dois.
Passam os dias e Joana está impaciente, pois na sua ingenuidade acha que todas as coisas resolvem-se facilmente e não deixa o padre em paz.
Padre José procurou conversar com Maria e Pedro para saber o que os dois acham a idéia de ter uma vida em comum. Chamou-os, separadamente, e cada um decidiu pensar calmamente.
Finalmente os dois resolveram sentar e conversar. Para isso o padre levou a menina para a igreja enquanto os dois conversavam sem que ela soubesse, pois o padre não sabia qual seria o resultado.
Maria recebeu Pedro em sua casa e ele, meio envergonhado, mal sabia o que dizer. Maria, então propôs que começassem a encontra-se para conversar, sem compromisso, para ver como ficavam as coisas e Pedro concordou. E assim começaram a jantar juntos e conversar. E aos poucos, a amizade foi ficando sólida.
Joana ia observando os acontecimentos ansiosa, mas nada perguntava, obedecendo aos conselhos do padre.
Após uns meses de relacionamento, Maria e Pedro resolveram casar-se, para a felicidade da menina.
Joana, finalmente, ganhou uma família completa novamente, e o grande quintal encantado passou a ser seu.


Estrela Radiante
"imagem do Google"
Regina Madeira
Enviado por Regina Madeira em 03/01/2012
Reeditado em 04/09/2015
Código do texto: T3420281
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