inacabados

Teve um dia que ela apareceu na rua e meu pai ficou doido perguntando quem era aquela menina. A gente ficou sem graça. Minha mãe na cozinha fazendo as coisas, o barulho lá fora das crianças brincando. E toda gente olhando pra rua que estava cheia de gente, pela proximidade da festas de fim de ano. Ele disse que ia chegar mais tarde, e saiu pela porta sem dizer pra onde ia. Minha mãe preocupada logo saiu atrás dele, dizendo que não suportava mais ficar em casa esperando ele voltar. Meu não foi no bar como fazia sempre, entrou na casa de dona zefa e no meio da noite viu aquela mulher morrer.

O primeira vez que tive contato com a morte foi quando uma senhora gritou de madrugada

Chamando minha vó. Chegamos La na casa dela estava dona zefa terminando de morrer no colo de seu Roseno. Eles moravam na mesma casa, mas se falava há anos desde que seu roseno teve uma mulher fora de casa. Vi ela com a ligua de fora e ele tentando agüentar a morte em seu colo. Vem meu fi, pra cá. Minha vo me chamou pra quintal. La na entrada do quintal, vi tonha chorando, dizendo que nunca mais veria a mãe. A vida é assim mesmo minha filha. Ouvi essa voz durante muitas vezes na minha vida. Que a coisa é assim mesmo. Deixei minha vo no quintal e vim até a porta do quarto, no sofá no quanto da parede seu roseno chorava. Não entendi porque ele estava assim, já que conversavam. Vi que parte da vida está escondida sem pode pronuciar. Levantou a cabeça e me olhou. Abriu na minha frente todos os segredos do mundo. Um pavor subiu no meu peito. Na cama no zefa não não existia entre a gente. Foi quando pegaram meu braço e puxaram pra fora dali. Era uma mulher dizendo. Vem pra cá meu filho, senão você vai ficar impressionado. Eu já estava e estou assim até hoje. Daquela noite a língua da velha morta, caída com baba pelos cantos. Os olhos esbogalhados e aquele homem fingido, que ainda amava, segurando suas mãos, e tocando seus cabelos

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 18/01/2012
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