CRISTIANO RECEBE O ANO NOVO

      A porta do tempo se abre, ele chega. Traz no olhar, o verde da esperança, no sorriso, a busca da alegria.
      De hoje em diante, ele estará comigo e eu nele. Nessa simbiose, é que buscarei os louros de minhas metas, dos meus avanços.
      Carrego comigo, esse amigo inseparável, meu livro em branco. Para registrar os primeiros passos desse Andarilho Sonhador, buscarei, na natureza, as cores mais belas e registrarei nele a esperança que carrego comigo.
       O Sol aparece brando, espia entre as nuvens e novamente se esconde, para aparecer logo mais adiante, iluminando esse nosso lar.
      Seja bem-vindo, irmão Sol, as sementes que lançamos na terra, esperam tua luz e calor.
       Assim, começamos nosso dia, Fortunato e eu. Saímos a caminhar pela Estrada do Mar, rumo à cidade de Torres.
Logo na primeira hora, encontramos um caminhante solitário.
      Nos aproximamos e perguntamos o que fazia ali e de onde vinha. Disse chamar-se Francisco, vinha de Santa Catarina e estava a realizar uma peregrinação.
      Conversamos longamente, sentados à sombra de um eucalipto à beira do caminho.
      Francisco, nos contou sua história. Ele sofre de uma deficiência visual, mas tem visibilidade suficiente para se defender. Ele alimenta o ideal de fazer algo em favor da natureza, tão ameaçada pelo homem.
      Foi aí que encontramos uma sutil afinidade de ideais.
Convidamos Francisco a se juntar a nós e iniciarmos um trabalho silencioso e discreto de plantio de árvores, no que foi logo aceito, pelo caminhante.
      Juntos caminhamos até a cidade de Torres. Praia lotada. Lugares encantadores. Parece que o CRIADOR estava sorrindo, ao criar essas paisagens afrodisíacas.
Chegamos até o Parque Ecológico de Guarita, um verdadeiro santuário da natureza.
      Fortunato e eu, sentimos fome e fomos comer algumas bananas.
      De repente, deparamos com nosso companheiro, altamente motivado, tocando e cantando para uma platéia de veranistas.

“Amanhece
O Sol aparece
A vida cresce
A natureza agradece

Amigo, irmão
Nossa terra, nosso torrão
Cuidemos com devoção
É aqui o nosso chão.”

Com a simplicidade dessa canção, Francisco mostra que a felicidade é feita de coisas simples.


Lourdes Borges.