Eu preferi ser feliz.

Acho bonito quem responde em entrevistas "Qual a sua maior virtude? A sinceridade". Eu sou extremamente sincera, mas nunca achei isso positivo. Na verdade eu sempre achei que deveria existir um grupo de ajuda aos sinceros, uma troca de experiências, eu participaria, eu tenho interesse em aprender a lidar com isso, porque eu venho tendo problemas com a minha sinceridade a vida toda.

Primeiro porque quando você é sincero você espera que as pessoas façam o mesmo e na grande maioria das vezes isso não acontece. Milhões de decepções depois você aprende, com a alma retalhada, que não se deve esperar nada disso de ninguém.

Depois porque você acaba se expondo demais, servindo de assunto para quem não consegue ter vida própria. Eu que sempre fiz questão de mostrar o que eu era, como era, o que queria ser e o que queria ter acabeu virando refém do que achavam de mim. Grande parte de mim é sim, bem transparente, bem explícita mesmo, mas conta-se nos dedos quem realmente sabe o que existe por trás do meu sorriso constante. A insegurança, as dores, o eterno medo de ser uma fraude, a necessidade de carinho e atenção, a vontade de casar e ter filhos... Isso fica embaixo da minha capa protetora, eu só exponho pra quem eu quero, o que sobra é a Denyse "oi, cheguei!" que não agrada muita gente.

Eu não gosto, tenho a maior preguiça de gente morna, mas de quem critica querendo impor sua opinião eu tenho é pa-vor. Critique, opine, mostre o seu ponto de vista, eu faço muito isso, mas, por favor, não ache que isso vai me mudar. A forma como eu me visto, os lugares que eu frequento, as minhas tatuagens, os meus amigos, as palavras que eu costumo usar, não te agradam? Ok, mas será que o que TE agrada é o mesmo que ME agrada?

Eu nunca encanei nisso, o mundo dá voltas e melhor do que convencer alguém é deixar que a vida faça isso. Aquele peguete dos tempos do 3º período dizendo que achou muito bacana descobrir que eu não sou só uma louquinha de balada foi de lavar a alma. Aquele professor da 8ª série dizendo que achou muito bacana o rumo que a minha vida tomou foi ainda mais restaurador e eu tenho vontade de emoldurar cada cara de "an?" daquelas chatas da faculdade que me achavam totalmente desnecessária me vendo tão bem onde estou.

Talvez um dia as pessoas comecem, finalmente, a entender que no fundo ninguém sabe direito quem é quem e que a nossa opinião não é assim tão relevante pras outras pessoas. Séculos se passam, um dia as pessoas vão entender que não se julga pela capa, que os seres humanos são diferentes um dos outros e que ponto de vista só é lei para si mesmo.

O mundo seria melhor se as pessoas conseguissem e pudessem se expressar do jeito que bem entendessem e como eu acredito que temos que ser a mudança que queremos ver no mundo é isso que eu sigo.

Eu passei muito tempo da minha vida tentando explicar pra quem me vê com maus olhos que eu posso ser mais. A quem (ainda) me julga só pela casca, sinto muito, cansei de tentar mostrar meus outros lados não tão escrachados. Aprendi a abstrair e preferi ser feliz.

Denyse Barrêto
Enviado por Denyse Barrêto em 07/02/2012
Reeditado em 07/02/2012
Código do texto: T3485977