No escuro, eu sonhava.../ cap. 2

Capítulo 2:

Uma longa história.

Rebeca era uma menina muito travessa, gostava de correr para todos os lados, carregando consigo suas adoráveis bonecas de pano, mas no pequeno apartamento que moravam em uma cidade grande, ela não tinha tanta liberdade como deveria, seu pai, Horácio, sempre se prontificou para irem morar no campo, mas Ruth sempre reclamava, dizia que preferia a cidade, que ficava mais fácil, mais perto de tudo, melhor para quando Rebeca fosse estudar, embora isso nunca fosse acontecer realmente.

Horácio amava sua mulher loucamente, chegava a manter uma enorme dependência dela, no começo o amor deles chegava até a resplandecer, muitas pessoas conhecidas do casal, chegavam a ter inveja da felicidade e do amor dos dois, Ruth também correspondia a todo esse amor de Horácio, mas com o passar do tempo, as coisas foram ficando complicadas demais.

Horácio perdeu o emprego de funcionários de uma fábrica de sapatos no centro de sua cidade, vivendo apenas com o salário de Ruth como professora, não dava para continuar ali, os padrões iam cair, com certeza. Foi então que começaram as brigas, tudo era motivo para discórdia, qualquer divergência se tornava uma grande tempestade na vida dos pais da menina Rebeca, nessa época ela tinha apenas 9 anos de idade, não tinha consciência do que estava acontecendo realmente com seus pais.

Horácio ficava cada vez mais nervoso com a situação em sua família se encontrava, estava ficando cada vez mais frio com Ruth e com Rebeca.

Em uma certa tarde, quando Ruth voltava da escola, em que estava dando aula para uma turma de quarta série, ela resolveu comprar algumas roupas novas para sua filha, pois as dela já estavam em frangalhos, foi aí que gerou uma terrível discussão, o começo para as brigas que viriam.

Á noite Rebeca foi até a cozinha sozinha beber um pouco de água, ela estava morta de tanta sede, depois de um bom tempo, divertindo-se juntamente com suas bonecas no quarto. Quando adentrou na cozinha, surpreendeu-se com a discussão protagonizada por seus pais.

Já fazia um bom tempo que os dois não falavam assim um com o outro, Rebeca estava chocada com toda aquela situação, não entendia o motivo de tantas brigas!!!

Ela nunca tinha visto seu pai, furioso, daquele jeito, ele estava muito irado com sua mãe.

- Você não podia ter gastado todo aquele dinheiro, só com roupas para Rebeca, nós temos necessidades maiores do que isso, Ruth! – vociferou Horácio.

- Mas Horácio, ela é nossa filha, precisa se vestir, está em fase de crescimento, suas roupas se perdem muito rápido... – tentava acalmar os ânimos do marido, Ruth.

- Eu sei que ela é nossa filha, Ruth! Mas você tem que ter limites, precisamos de dinheiro sim, e muito mesmo, se quisermos continuar morando nessa casa, temos que economizar, cortar despesas o máximo possível.

- Mas Horácio, o dinheiro é meu, e Rebeca estava precisando destas roupas novas.

- Não precisa me jogar na cara, isso, toda hora, você faz questão de me humilhar com este seu salariozinho que não serve para nada.

- Mas pelo menos, está sendo o sustento da nossa casa, enquanto você está sem emprego, sentando o dia todo neste sofá!!!

O pai de Rebeca, ficou tão irado com sua mulher, que lançou uma bofetada bem no rosto de Ruth, que chorou e saiu correndo para o quarto, esbarrando com sua filha que estava acordada no corredor, chorando, com pena de sua mãe.

- Não fique assim, minha pequena, o papai fez sem querer querida, está bem, a mamãe não chorando mais não... – amenizou Ruth, escondendo o rosto inchado com as mãos.

- Mas mamãe, eu vi, o... pa...pai...acertou a senhora... de verdade, não foi teatrinho, não ma...mãe – disse chorando Rebeca.

- Pode ir se deitar, filha, que depois a mamãe vai levar água para você, e deitar do seu ladinho, igual quando você era um bebê, está bem?

Depois que Ruth e sua filha foram deitar juntas no quarto da menina, Horácio ficou durante mais um tempo na cozinha, explodindo de tanta raiva de sua mulher, ele chutou tanto a porta da geladeira, com tamanha força e brutalidade que a quebrou de lado a lado.

Depois desse fatídico ocorrido, o caráter de Horácio mudou completamente para com sua esposa, ele desconfiava de tudo que ela fazia.

E os dias foram passando, até o chefe de família receber uma grande notícia de seu irmão, que vivia na cidade vizinha. Hugo ficou sabendo da miserável situação em que seu irmão estava passando juntamente com sua esposa e com sua filha Rebeca. E decidiu ajudá-los.

Hugo não era o melhor irmão do mundo e muito menos o mais honesto, mas na crise em que estavam vivendo, não restava outra solução, Horácio iria aceitar o convite que seu irmão ofereceu a ele, de trabalhar numa fazenda bem afastada da atual cidade em que eles estava morando.

A fazenda não era muito grande, nem muito bem localizada, mas a terra era muito boa e produtiva, como Hugo garantiu que fosse.

Ruth e Rebeca adoraram a idéia de morar numa fazenda no campo, principalmente Rebeca que era muito chegada em qualquer coisa relativa a campo, a floresta, a jardim, a natureza, a animais e coisas semelhantes, no começo Ruth ficou meio preocupada e angustiada com a nova moradia, sempre desconfiava das artimanhas criadas por Hugo para subir na vida, Hugo era capaz de tudo.

Ruth, já tinha ficado sabendo de histórias horríveis a respeito de seu cunhado, sabia muito bem qual era a dele, não era flor que se cheirasse, dizia sempre consigo mesma.

E ela tinha toda razão, Hugo não era e nem nunca foi um irmão e tio exemplar, nunca sequer os visitou, estava sempre enrolado com problemas estranhos e endividado com parentes próximos, nunca foi muito próximo de Horácio e nem de sua sobrinha, que visitou apenas no dia de seu nascimento.

Mesmo com uma certa relutância por parte de Ruth, a família acabou se mudando para a fazenda, o novo lar doce lar deles.

Mas muita história iria rolar, naquela casa, naquela fazenda, muita mesmo.

No mês seguinte ao telefonema de Hugo, irmão de Horácio, a família já estava pronta para ir morar no campo, Rebeca estava muito entusiasma, para ela aquilo, significava muito mais do quem uma mudança, era uma verdadeira aventura para ela. Crianças estão sempre prontas e dispostas para se aventurar em qualquer mudança ou inovação, ao contrário dos adultos, que se agarram ao passado constantemente, deixando de viver felizes.

Todos entraram na caminhonete, já bem gasta pelo tempo, carregada de lembranças do passado, Rebeca sempre gostou de viajar na caminhonete de seu pai, antes dele ter ficado desempregado, os dois sempre iam juntos ao mercado ou para a escola de caminhonete, Ruth nunca deixou sua filha andar no banco da frente, mas Horácio fazia questão de colocá-la lá, para alegrar a filha e também para contrariar a esposa.

A estrada já ia ficando para trás, Rebeca já não via mais casas e prédios gigantes, conforme o afastamento da cidade, uma pequena vida tinha sido enterrada naquela lembrança, a escola, os amiguinhos, as crianças na praça, os finai de semana no parque, os passeios de caminhonete com Horácio, tudo ficaria para trás de uma vez por todas.

Só restariam lembranças, e lembranças muito boas.

As árvores já começavam a brotar do horizonte, conforme o carro se aproximava da fazenda, milhares de pastagens surgiam do nada, as flores eram lindas, haviam muitas espécies diferente de flores naquelas paisagens, tudo era tão bucólico, tão campestre, havia um cheiro de margarida no ar, os olhos de Rebeca brilhavam a cada nova flor que era apresentada a ela, tudo era tão belo.

Tudo era tão perfeito.

Apenas por um rápido momento, Rebeca tinha se esquecido de como seu pai tinha se tornado amargo e desprezível com sua mãe e com ela própria.

Tinha se esquecido do dia em que seu pai, a empurrou no chão por ela ter queimado sua camisa com o ferro de passar roupas, tinha se esquecido da bofetada dada em sua mãe, a algumas semanas atrás, por um momento tudo parecia tão distante, tudo poderia ter ficado no passado, mas infelizmente o destino sempre prega peças em nós.

Os novos moradores tinham chegado na Fazenda, ainda era dia, a grama estava mal cuidada, os canteiros todos destruídos pelas pragas e pela falta de água, tudo parecia morto, mas a terra era bem fofa, daria para plantar muitas coisas diferentes, pensou Horácio.

Rebeca saiu do carro muito eufórica, estava louca de tanta excitação, nunca tinha ido num lugar tão diferente como este, nunca tinha sentido a magia da natureza de perto.

Rebeca foi logo correr em volta das árvores, para ver como eram grandes e antigas. Enquanto Horácio e Ruth, tiravam as malas da caminhonete e as descarregavam na casa amarela que existia na fazenda.

Obs.: não se preocupem com os erros, isso é apenas um rascunho!!!

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Gabriel de Paiva Fonseca
Enviado por Gabriel de Paiva Fonseca em 12/02/2012
Código do texto: T3494766
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