Traços de loucura / NO ESCURO, EU SONHAVA... / CAP. 3

Capítulo 3:

Traços de Loucura.

Os anos iam se passando, e as coisas começavam a piorar no relacionamento da família de Rebeca.

Já se fazia um ano que os três se mudaram para a nova casa, Horácio cada vez ficava mais frio e intempestivo, surgia uma briga toda vez que algo era feito de um modo que ele não queria ou não gostava. Ruth estava cada vez mais isolada dele, sempre distraída com seus serviços domésticos, desde que Horácio a proibiu de trabalhar na cidade, por dois motivos, o primeiro porque ficava muito longe para ir todos os dias e o segundo por que Horácio estava ficando cada vez mais ciumento, sempre desconfiando da integridade e fidelidade de sua mulher.

A educação de Rebeca estava sendo feita em casa, a própria Ruth estava cuidando disso, tinha livros suficientes para ela aprender muitas coisas, além do mais, Horácio achava que mulher não poderia ser muito instruída como os homens, o importante era saber cozinha e lavar.

Era isso o que realmente importava para Horácio...

Ele estava cada vez mais indiferente com a filha, acreditava que ela não era sua filha de sangue, não era verdadeira, com o passar do tempo, a relação foi ficando mais complicada entre os três, Rebeca agora com seus 9 anos de idade, já começava a clarear os cabelos, de um castanho escuro, já começava a brotar fios loiros entre seus cabelos, mechas já estavam começando a se definir, sem falar nos olhos que eram verdes, sendo que nem Ruth, nem Horácio tinham olhos verdes.

Horácio ficava cada vez mais desconfiado, sobre a paternidade de sua filha, sua mulher não podia ter traído ele dessa maneira, tão suja e tão desleal, pensava Horácio.

A casa já tinha sido toda reformada, graças ao dinheiro que Hugo emprestou para Horácio. As paredes agora estavam pintadas com um tom bem forte e vivo de amarelo, os canteiros já estavam abarrotadas de tantas flores, Ruth era muito cuidadosa com o jardim e bastante caprichosa com o resto da casa, era uma dona de casa exemplar, e ensinava tudo o que tinha aprendido para sua filha.

Horácio já tinha conseguido adquirir com o tempo, um pequeno rebanho que dava para seu sustento e para o sustento de toda sua família.

Certa noite, Horácio chegou em casa depois de uma cansativa caça pelos arredores do bosque vizinho a sua propriedade juntamente com Hugo, nessa noite Ruth não tinha preparado o jantar, pois tinha tido um dia muito exaustivo, ensinando Rebeca o alfabeto e cuidando da plantação de milho, que Horácio tinha idealizado, mas ela não sabia que esse ato ia acabar gerando uma grande discórdia dentro de sua casa, como seu marido.

- Ruth, onde está o meu jantar? Eu não acredito que você não sabe cuidar nem das panelas... Você não serve para nada mesmo... – esbravejou Horácio a Ruth, quando chegou na cozinha.

- Não deu tempo Horácio, tive muitos afazeres hoje na fazenda, enquanto você se divertia com seu irmão no bosque... – se defendeu Ruth.

- Você por acaso está insinuando que eu não faço nada para ajudar nesta casa?

- Não foi isso que eu disse...

- Mas foi o que você pensou, sua ingrata!!!

Horácio aparentava estar muito nervoso e atordoado com a esposa, pois pegou uma faca na gaveta do armário e começou a fazer gestos com ela para cima de sua esposa, com um ódio muito grande fluindo em seus olhos.

- Vá para o seu quarto!!! – gritou desesperada Ruth para sua filha Rebeca, que estava espreitando a briga na cozinha.

Rebeca entrou correndo no seu quarto, enfiou a cabeça por baixo dos travesseiros e começou a chorar muito, pois estava com muito medo do que iria acontecer com sua querida mãe. Ela tinha pavor do que o seu pai seria capaz de fazer em momentos como este, de pura raiva, ela estava ficando cada vez com mais medo de seu pai.

Rebeca fechou os olhos quando começou a ouvir barulhos de bofetadas sendo espalmadas provavelmente no rosto de sua mãe, Rebeca estava com muito pena, mas infelizmente ela não podia fazer nada, ela era muito frágil, muito indefesa, não era capaz nem de cuidar de si mesma.

Cadeiras pareciam rolar, provavelmente Ruth estava tentando desviar-se da fúria de seu marido, estrondos surgiam a cada segundo que se passava, Rebeca pressionava as mãos com forças nos ouvidos, ela não aguentava toda aquela tortura, era demais para ela. Agora ela conseguia ouvir os gritos de sua mãe, lá do seu quarto, gritos abafados pelas mãos grandes de Horácio, quanto mais Ruth se esquivava das mãos de Horácio, mais ele se enfurecia com ela.

Rebeca pode ouvir perfeitamente quando a porta do quarto de seu pai, foi fechada fortemente, causando muito barulho. De súbito, ela resolveu correr até a cozinha, para ver se sua mãe ainda se encontrava lá.

Tomou um susto, quando viu como seu pai tinha deixado sua pobre mãe em frangalhos, não era uma mulher que estava caída no chão da cozinha, era uma vítima de violência doméstica, uma coitada, uma mãe batalhadora, que fazia de tudo para proteger sua filha do marido psicótico, uma mulher arrebentada pela brutalidade da vida.

Rebeca chegou chorando perto do colo de sua mãe e a abraçou por longos minutos. Elas ficaram ali, paradas num abraço que poderia durar uma eternidade, nenhuma das duas ousou falar nada, um respeito mútuo de sentimentos, aquela não era uma hora adequada para diálogos, era uma hora de apoio, de sentimento, de amor, puro e simples.

Obs.: É apenas um rascunho, não se preocupem com erros, deixem comentários!!!!!!!!

Gabriel de Paiva Fonseca
Enviado por Gabriel de Paiva Fonseca em 14/02/2012
Código do texto: T3498514
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