TRAUMA DE CARNAVAL

Não gosto de carnaval embora tenha curtido muito esta festa em outra época particularmente em minha adolescência

Mas esse “não gostar” tem fundamento por uma experiência traumática vivida.Em uma ocasião resolvi levar minhas filhas para apreciar, brincar numa dessa festa de rua a casula tinha uns doze anos e a mais velha uns dezessete

Raramente eu as fantasiava, a não ser quando pequenas

Achava bobagem gastar um dinheiro desnecessário

Até mesmo porque não tinha muita condição para isso

Normalmente colocava uma camiseta básica e um shortinho

Mas neste ano propriamente dito a mais velha juntamente com uma prima minha que costurava inventaram de fazer uma fantasia sem meu conhecimento e permissão

Percebi que ela demorava no quarto a se arrumar

E eu já me encontrava na sala com a mais nova a esperar.

Comecei apresá-la não queria sair tarde de casa com duas crianças

E sozinha.

Apesar da pouca idade a minha filha chamava atenção para seu corpo,

Alta puxara o pai, esbelta e dona de um par de coxas (essa da mãe)

Que causava inveja, quando andava na rua dificilmente passava

Por despercebida e ninguém respeitava a minha presença, os homens

Ficavam doidos.

Quando ela apareceu a minha frente fiquei estática com o que

Vestia e muito zangada também, quis saber que roupa era aquela,

Então respondeu:

foi minha tia quem fez

Perguntei se por acaso a tia estava maluca, se aquilo era vestimenta

Para se colocar em uma menina.

Era um micro-short com as laterais aberta e presa apenas por duas tiras,um top tipo sutiã de praia, uma meia arrastão e uma bota, sem comentário,não me arrisco a dizer com que parecia, deixou-me passada

Mandei que tirasse aquela roupa que atrás de eu assim não iria

Sabe como é adolescente?

Teimosa, irreverente, sabem tudo, mãe é chata e etc.

Chorou, esperneou, tentou vencer no cansaço, me posicionei e

Mantive o não, isso até minha prima aparecer e tomar por

Defesa, me chamou de velha, antiquada, blá, blá, blá, blá e por aí foi

Falou,falou,argumentou até me convencer de que não tinha haver.

Sair com as duas a tira colo a caminho da rua até alcançar a praça

Principal do centro da cidade foi quando avistei ao longe um grupo

De bate bola deveria ter uns trinta mais ou menos.

Pensei... E resolvi não me arriscar a passar por eles esses grupos

Costumam ser um tanto quanto inconveniente principalmente

Com criança e a mais nova ainda tinha um pouco de medo.

Dei uma volta enorme, mas, não tive como evitar o confronto mais a frente.

Com a aproximação deles senti algo esquisito, tipo sexto sentido,

Coisa que só mãe sente... Acho.

Mas seja lá o que fosse... Não era bom

Os bate-bolas foram se chegando a minha direção e na medida

Que foi acontecendo eu fui recuando e a frente de minhas filhas

Feito escudo até me ver acuada entre uma banca de jornal fechada.

A principio fez brincadeiras bobas que mesmo assim me deixaram

Assustada e desta forma foram se intensificando até que uns deles

Começaram a passar as mãos em minha filha e eu tentando defender

E proteger as duas, mas pela a quantidade era quase que impossível e

Por incrível que pareça o perigo é anunciado, as pessoas vêem e ninguém

Faz nada.

Ate que conseguiram alcançar a minha filha, com um puxão tiraram-na

De meu cerco e proteção, ela rodou nas mãos deles feito marionete, eu

Tentava pegá-la ao mesmo tempo em que tentava proteger a menor o medo era que a levassem embora com eles, nunca sabemos quem estar por detrás de uma máscara..

Minhas forças já estavam se esvai rindo quando consegui pegá-la e mais uma vez colocou-me como escudo guardando as duas, mas eles não desistiram, até que apareceu um rapaz de seus vinte anos e de muita coragem se posicionou a minha frente e logo a seguir outro também resolveu tomar as dores e vir a meu socorro e gritou para alguém chamar a polícia.

É claro que se os bate-bolas quisessem não seriam os dois que conseguiriam dete-los, não sei se foi por medo de chamarem a policia ou providencia divina eles resolveram ir embora.

Levaram-nos até um P.S. que era próximo para ver se havíamos nos machucado,minha filha (a mais velha) extremamente nervosa chorava muito, fui sutilmente chamada atenção por conta da roupa .

Não preciso dizer o quanto isso me deixou constrangida, foi uma mistura de sentimento, raiva, alívio, medo, preocupação, tudo.

Voltei para casa na mesma da hora o rapaz que nos socorreu se propôs a nos acompanhar até estarmos seguras.

Já em casa minha filha levou a bronca devida e ficou de castigo os demais dias, mas valeu como lição, nunca mais ela se vestiu daquele jeito e tão pouco gostou de carnaval, desde então passamos a viajar para lugar tranqüilo.

De certa forma criou-se um trauma para as três até hoje não superado, por mais bonito que seja temos horror e medo de bate-bola.

Geralmente vamos para Teresópolis lá dificilmente as pessoas se fantasiam, normalmente quem faz é criança, o carnaval de rua é seguro com marchinha a antiga no alto da feira, a noite no centro tem desfile e o trio elétrico com cem por cento de policiamento por onde se olha,mesmo assim dificilmente vou.

Desde o episódio este é o primeiro ano que não viajamos, mas não

Mais me preocupo com minhas filhas, ambas estão casadas.

A mais velha trabalhou todos os dias de carnaval e a mais nova estar grávida. Eu para ser sincera nem se quer sair de casa, aproveitei para ler, escrever, descansar, só sei do carnaval pela a TV e pelo o barulho que chega até a minha sala já que no bairro que moro tem carnaval de rua vez ou outra dou uma olhada pela a sacada da varanda de meu apartamento. Carnaval...Nunca mais!!!

Cristina Siqueira
Enviado por Cristina Siqueira em 21/02/2012
Reeditado em 21/02/2012
Código do texto: T3512316
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