PLANTA VALIOSA

Não existia assunto no mundo que mais intrigasse, inspirasse, modificasse seu estado de humor, que realmente o abalasse. Era muito natural então para ele sonhar com o assunto. Certo dia teve o seguinte sonho: Estava ele regando uma plantinha linda, esplendorosa, singular, que parecia ter vida própria, mas não tinha. Dependia que a regassem constantemente. Rogério, esse era seu nome, não conseguia ler o nome que aparecia em uma legenda de identificação da tal plantinha.

Ele não a regava sozinho, tinha uma pessoa a quem Rogério acreditava ser sua companheira neste trabalho. Pelo menos nos primeiros dias ele parecia vê-la regando-a constantemente. Os dias foram passando e a vontade com que aquela possível companheira o ajudasse só aumentava. Só que ele foi percebendo que seu empenho em tal tarefa ia ficando quase solitário. Ora pensava assim, em outros momentos voltava a suspeitar que tinha companhia.

O tempo passou mais um pouco e ele teve a certeza que estava sozinho. Notou que existiam outras plantas iguais e de mesmo nome que ele ainda não conhecia, só que regadas por outras pessoas juntamente com quem sonhava como sua companheira. Isso o deixou profundamente triste, pensou se deveria continuar, se valia a pena. Quando olhava para aquela planta via algo tão belo, que mesmo dilacerado por dentro tinha esperanças de encontrar alguém que o ajudasse a mantê-la.

Certo dia já tinha feito o que podia, era sua hora de ir para casa. Mas, antes lembrou de uma pergunta que sempre se esquecia de fazer. Viu alguém que poderia lhe dar tal resposta e então perguntou. Ficou surpreso com a resposta, era um nome muito estranho para uma planta, o nome que tinha ouvido era Amor. Logo acordou e de certo modo ficou feliz porque pelo menos acordado ainda guardava consigo alguma pontinha de esperança. Tinha agora uma certeza na cabeça, ia se empenhar para que no novo ano que está por vir tentasse observar melhor quem realmente poderia vir a ser sua possível "companheira", de modo que não sofresse tanto com o assunto como no ano que estava terminando. Pena que sabia o quanto era difícil cumprir isso.

Frank Santos
Enviado por Frank Santos em 26/01/2007
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