VIVENDO E APRENDENDO

Na minha adolescência eu tinha uma tia ( já falecida) que adorava tirar sarro com os sobrinhos e filhas quando encontrávamos reunidos.

Ela aprendera um diálogo entre um viajante e um bateleiro e de tanto exercitar, repetir, falava com a maior naturalidade, rápido demais e por conta disso nos desafiava: Quem repetisse com a mesma agilidade sem errar ganharia um dinheirinho.

Nessa época a maré não estava para peixe... vivíamos duros feito

Coco qualquer trocado era bem vindo ficávamos como bobos tentando repetir o que ela dizia e tudo o que conseguíamos era pescar uma palavra ou outra.

Foi aí que tive uma idéia... E falei par o restante que já sabia

Como tirar o dinheiro dela, duvidaram se conseguiria.

Com uma caneta e um papel (sem que percebesse), todos os dias

eu a pedia para repetir a história, normalmente minha tia se encontrava no quarto em sua máquina de costura e nós na sala.

Pensava ela que gostava de ouvir... que nada,na verdade aos poucos

Ia anotando sua fala até concluir tudo.

Como sempre fora determinada comecei a estudar em casa, repetindo por várias vezes cada palavra até gravar e jamais esquecer.

Certa feita nos desafiou novamente e eu consegui dizer tudo tão bem e rápido quanto (estava na ponta da língua), tendo ela que pagar-me.

É claro que de certa forma trapaceei, de outra maneira não conseguiria, mas como ela já estava a trapacear falando de maneira a não se fazer entender ficou tudo em casa.

Bem o diálogo era assim:

Viajante:

Bateleiro quanto de remuneração numerário para transportar-me deste pólo para aquele hemisfério

Bateleiro:

Cemitério moço?

Viajante:

Se falas por ignorância perdôo-te, mas se falas para zombar da minha alta Prosopopéia dar-te-ei com minha gravosa bengala no alto de sua Cachimônia que transformarei sua massa cinzenta numa massa repurificada.

Bateleiro:

Ih Moço! No meu barco não cabe essa gente toda não.

“Nunca soubera onde foi que ela ouvira isso, mas certa vez

Vi alguém contar no programa do Jô Soares numa versão um pouco

“Diferente.”

Isso quando ela não fazia repetirmos ligeiramente a palavra

Inconstitucionalissimamente (27 letras) que segundo a minha tia

Seria esta a maior palavra de nossa língua portuguesa, mas pesquisando descobrir que não e sim a palavra de 29 letras anticonstitucionalissimamente considerada a maior palavra portuguesa não técnica.Mas também não seria.

E sim anticonstitucionalpneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico, com 46 letras, uma palavra composta que é uma amalgama de

síndromes e não é muito comum um dicionário efetuar registros deste tipo de palavras,ganhou registro oficial pela primeira vez em 2001 e aparece descrita como uma doença pulmonar causada pela inspiração de cinzas vulcânicas, referiram que esta palavra foi inventada por Everett M. Smith, presidente da National Puzzlers' League, para ser a mais longa palavra de língua inglesa e que apesar de ter sido transposta para a nossa língua o nome cientifica da doença a que a mesma se refere é a silicose, o que implica que na nossa língua esta palavra seja considerada numa palavra fictícia.

Temos Oftalmotorrinolaringologista (28 letras) e Inconstitucionalíssimo (masculino) e Inconstitucionalíssima (feminino), com 22 letras.

Vivendo e aprendendo... descobri que minha tia Aurora apesar de suas brincadeiras também era cultura "Que Deus a abençoe e a tenha num bom lugar"

Cristina Siqueira
Enviado por Cristina Siqueira em 08/04/2012
Reeditado em 10/04/2012
Código do texto: T3600420
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