Mesa de Bar

Ela chegou ao bar, o mesmo boteco sujo e mal frequentado de sempre, na mesa os mesmos amigos de sempre a esperavam entretidos com uma final qualquer de campeonato. A conversa se anima à medida que as garrafas se enfileiram na mesa, que de bamba faz os cascos cor de âmbar sacudirem a toda hora.

Os assuntos são os mais variados, dos gols da rodada, faculdade, viagens, artes. Mas todas as noites sempre acabam em calorosas discussões sobre o comportamento humano. E relações, e sexo e diferenças cabais, ou não, entre homens e mulheres. E a garota acostumada que estava em ser a única alma feminina na mesa, sempre cercada de homens, se torna então catedrática de assuntos ligados ao mistério feminino, se diverte com os clichês que os homens vão citando ao tentar sintetizar todo o comportamento das mulheres.

E ela que a cada dia se surpreendia mais com o pensamento e a lógica masculina, ia esclarecendo mais suas questões internas do que a dos marmanjos a quem tentava elucidar. Acabou por desistir de tentar entender também a alma masculina, pois percebeu que esta era despida que qualquer mistério, era pragmática e prosaica até.