Jogo Valioso

Ronaldo sempre fugia de aprender as regras de Pôquer, pois sempre o imaginava muito difícil, incompreensível talvez. Isso tudo pensava sem ao menos ouvir qualquer palavra sobre o assunto. Eis que quando o aprendeu, aquilo se tornou para ele como uma paixão. Sem exageros, ele realmente o acha uma das melhores e mais bem pensadas invenções para um jogo. Mas, no começo ele só jogava mesmo pelo jogo, isso bastava para ele. A medida que foi jogando, isso foi mudando. Hoje em dia, os adversários ou simplesmente certas pessoas que jogam ou não com ele podem fazer muitíssima diferença.

Sua maior rival, que não o é por jogar maravilhosamente bem, longe disso, costuma quase sempre terminar melhor que ele nos jogos. Isso já o irritou bastante, mas apesar de fazer parecer, ele não só joga para vencer. Talvez isso tenha influído no desempenho dele nos últimos jogos. Parece que um jogo de pôquer tornou-se bem mais para ele. Além de ser uma oportunidade de rever pessoas muitíssimo queridas dele, existe um conjunto de pensamentos que costumam muito vir à tona quando ele está jogando ou simplesmente lembrando dos jogos, mas isto tudo ele guarda para si mesmo ou talvez para alguns amigos.

Bem, depois de um longo tempo sem jogarem, ele, sua maior rival e vários outros amigos começavam mais um divertido e movimentado jogo. E era sempre do mesmo jeito, por mais que tentasse jogar corretamente, e talvez condenasse a maneira que alguns outros jogavam, inclusive sua rival, ele via-se em situações que suas fichas já estavam se tornando escassas. Seu objetivo tornava-se agora permanecer no jogo o máximo possível.

De um jogo onde se começava com cem fichas, só restavam para ele quarenta e cinco. E a mão dele era A e K de copas, não teve dúvidas, apostou tudo que lhe restava. Ele tinha certeza que pelo menos sua maior rival iria igualar sua aposta, ela que nesse momento tinha setenta e quatro fichas. E foi o que aconteceu, ela e um outro amigo igualaram, com o restante dos jogadores ficando de fora dessa jogada. Sái o flop(as três primeiras carta que são viradas ao centro da mesa) então: onde os valores das cartas eram: A de espadas, 8 de copas e 4 de copas. Pensava consigo mesmo que sua situação era ótima, afinal podia terminar a jogada com um flush que significa no pôquer aquela mão que é formada por cinco cartas do mesmo naipe, ou no mínimo com um belo par A, que já possuía. Então sua maior rival apostava também tudo que tinha e seu amigo fugia. Ficara então Ronaldo e ela. Então como ninguém apostaria mais nada, já que as fichas dele estavam todas em aposta, as cartas seriam mostradas mesmo antes da virada das demais cartas da mesa. Ele mostrou seu A e K, e ela, para sua surpresa só tinha 2 e 3 de paus. Ele pensava consigo mesmo, como ela podia ir com tantas fichas com uma mão daquelas? È virada a quarta carta da mesa, um 6 de espadas. Só faltava agora uma carta, e suas chances agora eram muitas, e ele pensava consigo mesmo: È hoje, que aquele seu jejum de vitória sobre ela acabaria!!! Eis que a 5ª carta que se chama river é virada, e é um 5 de espadas. Ele olha e não acredita, perdeu novamente, parece mesmo que os Deuses do pôquer não querem vê-lo vencendo-a nem tão cedo. Ela sorri e recolhe as fichas de mais uma vitória decorrente de sua seqüência de A a 5. A ele, por mais que demonstrasse certo desapontamento, restava a certeza que sabia que aquele jogo tinha sido muito divertido para ele, de uma maneira que só ele imaginava o quanto, e como ele já suspeitava, viu sua maior rival perder todas suas fichas não muito tempo depois.

Perguntava-se se algo mudaria no próximo jogo entre eles, ou se venceria, ou se teria a mesma alegria de jogar garantida de sempre, ou quem sabe, talvez até maior. Só o futuro responderia.

Frank Santos
Enviado por Frank Santos em 03/02/2007
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