Qual é a sua?

"Ei, brother, qual é a sua?"

Foi aí que a conversa tomou o rumo do fim. Eu entrei em um ritmo de tudo ou nada que não me permite o luxo de fazer de conta que sou louca e viver agarrando um talvez.

Ele é maravilhoso. Faltou muito pouco pra ser perfeita essa última vez em que estivemos juntos. Faltou apenas amor explícito, porque aquele amor que a gente simplesmente sente estava lá implícito em cada detalhe. Meigo, simpático, educado, carinhoso, doce. Eu entendi porque todas essas menininhas indefesas fazem fila, o garoto tem talento pro crime. Meu tipo preferido de encrenca.

Ele me sorriu, eu busquei aproximação. Eu insisti, ele apenas cedeu. Eu levei tudo pro lado divertido pra não encanar, ele fez que não gostou, e eu, masoquista que sou, baguncei de vez pra vê-lo indo pra longe. Preferi chutar o balde quando o vi puxando papo, sugerindo próximas vezes, querendo colocar pureza onde nunca existiu. Nada pessoal. É que eu já venho exercitando, muito antes de ele aparecer, a arte de não construir meus castelos pesados, complicados e vertiginosos quando os alicerces não são sólidos e reais. Perguntar "qual é a sua?" e ferrar com tudo é a minha maneira de dizer "não faz isso comigo não...". Eu não posso mais me render ao que parece ser, não posso encanar em alguém completamente delicioso, que me diverte, me deixa a vontade, me olha nos olhos, mas não é nenhum pouco seguro.

Tudo bem se foi só mais um capítulo, as coisas só acontecem quando tem que acontecer. Por enquanto eu fico com os momentos bons, os sorrisos e beijos, a cumplicidade, a ideia distante de que ele pode preferir mudar por mim, fecho os olhos para o que dizem dele e subo fácil, alto, mas sem me perder. Apaguei seus contatos, não vou insistir tão cedo, eu já fiz isso demais. Agora é a vez dele. Cedo ou tarde, eu sinto, eu sei que ele virá. Eu vou sumir, como sempre, mas ele sabe exatamente onde me achar.

Denyse Barrêto
Enviado por Denyse Barrêto em 22/05/2012
Reeditado em 22/05/2012
Código do texto: T3681399