Algo Novo

A rua estava vazia e cinzenta como de costume. Frio por toda parte e aqui. Varias ruas se cruzam pela esquina principal e logo ao fundo, sem saída. Toda essa atmosfera tem ares de mofo e antiquarias que... TRIIIIIN, TRIIIIN, TRIIIIN... Bah! Cinco horas, tarde novamente. O som tocava desesperado pela liberação das crianças barulhentas e afobadas, da escola ao lado.

As fracas luzes me encaminham até em casa, o velho e frio castelo de pedra. Não demorou muito e TRAAP. De novo o vidro esquerdo, mosquitos barulhentos, quando vão parar? Dirigi-me até a entrada da casa para ver quem correria primeiro, eles já estavam longe, como uma manada fugindo de um atirador. Saltando e Pulando. Mas algo estava diferente, na direção contraria, ela vinha, clara e radiante enquanto se desviava e balançava seu corpo com leveza.

Vindo radiante, como o foco de uma lanterna na escuridão. Mudo, perplexo, meus dedos paralisados não me davam movimentos. Ela chegou mais perto. Ofegante, meu sangue quase não circulava. Agora na minha frente, agora não mais. Ainda senti o seu cheiro que me deixou tonto e sem sentidos, como o canto da sereia me conduzindo até a morte.

Dias e dias se passaram sobre uma folha em branco. Já não durmo com a mesma cantiga de ninar. Decidi esperar na rua em busca de alguma resposta. Estava na esquina da rua sem saída, quase na mesma hora que a tinha visto. De um lado para outro, tudo era igual, o vazio na minha mente confundia o que parecia ser idéias, ela não vem, o que é isso? Estava como uma presa paralisada pelo veneno do predador.

Já sem esperanças, me deparei com sua silhueta. Continuei olhando, ela percebeu algo estranho, seu rosto era de dúvida, acredito que tinha visto um louco. Forcei o movimento minhas pernas quase não se moviam e quando consegui, meus passos pesados e atrapalhados, me fizeram de robô, ao fim de uma sequência ouvi sua voz doce bem em frente, era como um hino, ela me chamava, maravilhado com tamanha sinfonia e .. PAFT. Um grande buraco, ao qual não escapei. Não só caí no buraco como também caí em mim. Estou ficando louco, ela não estava me chamando. Bela maneira de chamar atenção, eu era ridículo. Alguns instantes, ela estava lá. Eu tentei avisar, mas você não se deu conta. Disse isso enquanto estendia a mão. Eu estava empalidecido e agora com maçãs no rosto (acredito).

Meus músculos rígidos me deixaram apenas sussurar uma coisa ou outra. Ela estava a caminho do bazaar árabe, confirmei a companhia com um balançar abobalhado da cabeça. Espero que minha tia não se irrite com essa fuga. Na companhia doce dela, quase não ouvi a campanha da escola tocar, liberando os meninos saltitantes.

No bazar todos olhavam para minha bela companhia, sua delicadeza escorregava por entre os souvenirs do lugar. Uma moça se desloca de um grupo para me atender, ela me pergunta se quero comprar, respondi que estava olhando, sem nenhum interesse ela vira as costas e vai até a minha companhia. Ela mostra algumas coisas. O que posso dar a ela? Essa dúvida me vinha na mente. Nada era digno dela naquele lugar, tudo cheirava a negócios e troca.

O que um simples garoto poderia ter para tão bela dama? Coloquei a mão no bolso, não procurava dinheiro. Encontrei um lenço que tanto me era útil, como companhia. Eu tinha uma caneta e então fiz algo no lenço. Ela retornou da compra e eu estava do lado de fora, nos dirigimos até a rua sem saída, quando a deixei. Nos despedimos e então estiquei a minha mão com o meu presente para ela. Ela surpresa e sem ação pegou o lenço. Seu Coração! Já era tarde quando percebi o anel em seu dedo. O coração dela não podia ser meu. Foi quando virei a esquina e me dirigi para casa por entre as luzes apagadas depois da rua sem saída.

Greyce Hellen - 2012.1

Baseado do Conto ARABY

Greycensaios
Enviado por Greycensaios em 25/07/2012
Código do texto: T3796416
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