REENCONTROS - CONCERTANDO OS ERROS PASSADOS

Esse livro se chamará REENCONTROS - CONCERTANDO OS ERROS PASSADOS

É um conto – ficção – contará a história de uma mulher que sofre com o marido e sabe os motivos. Sabe que tem que ser assim para pagar a ele uma divida antiga. No começo ela não entende e se vitimiza. Ela sonha com um rapaz que conhece e se apaixona, como na sua outra vida, mas ela não pode ficar com ele. Sabe que tem que deixá-lo livre. Ainda não é hora de viver seu amor com ele. Depois que ele parte, ela parte em busca de descobrir os motivos de seu sofrimento. Ela descobrira que traiu seu marido no passado e que por tudo o que fez a ele sofre com ele hoje. Ainda terá que descobrir quem era a amiga cigana que a ajudava e seu amante. Descobrirá sobre sua vida antes dessa como prostituta e todos os homens que enganou. Só depois que tiver conseguido o perdão de todos nessa vida ela conseguira viver seu amor e seguir em frente...

Inglaterra cerca de 500 anos atrás...

Eu morava numa floresta, meu pai era lenhador e vivíamos bem lá, de forma simples, como todo camponês, mas éramos felizes. Aquele dia meu noivo, filho de um lorde que morava no castelo viria me ver. Eu me sentia com sorte. Ele era lindo e rico. Me daria uma vida confortável.

O jovem tinha ido negociar entrega de lenha para sua casa com meu pai e quando me viu, nos apaixonamos e nunca mais nos deixamos. Ele me pediu em casamento, mesmo contra a vontade dos seus pais. Ele era um príncipe na minha opinião. Tinha os olhos e o cabelo negro, a pele branca como a neve. Era alto, magro, tinha um corpo atlético de quem ficava horas na esgrima. Era um campeão com a espada.

Eu saí cantarolando pelo bosque depois que levei a lenha para casa. Sempre esperava ele no riacho que ele tinha que atravessar para chegar na minha casa. A ponte feita de pedra e madeira em forma de arco era por onde ele passava. Eu ficava lá... Olhando ele vim no seu cavalo branco bem cuidado e sorrir para mim, mesmo antes de se aproximar. Eu o amava.

Naquele maldito dia não sei o que me deu. Eu tinha que atravessar para o outro lado. Não era seguro. Tinham muitos homens do exército do rei que não respeitava mulheres. Era perigoso se afastar tanto para o outro lado, mas meu noivo demorou e eu quis ir ver o por que. Atravessei...

O outro lado da ponte era quase igual ao que eu vivia. A única diferença era q ali a floresta era mais aberta. Eu ouvi cavalos. Me desesperei. Estava longe da ponte. Tentei voltar, mas me vi cercada por uns dez homens. Eles gritavam. Um me agarrou pela cintura e tentou me por na frente do seu cavalo enquanto eu me debatia. Eles usavam o uniforme do exército. Eu gritava e me debatia sem parar. Eles queriam me estuprar. Me matariam depois que todos estivessem satisfeitos. Eu estava apavorada.

Quando achei que não tinha jeito meu noivo veio galopando rápido ergueu sua espada e a luta começou o homem me atirou no chão, eu desmaiei. Quando acordei meu noivo estava caído com sangue jorrando do seu coração. Eu gritei o mais alto que pude.

– Não! Não!

Ele ainda estava vivo. Agonizava para morrer. Eu me aproximei chorando dele, coloquei a mão no ferimento, o sangue quente sujou meu dedos, limpei no meu vestido novo florido, chorava e gritava socorro, ele me olhou nos olhos no seu último minuto de lucide e disse:

- Eu te amo. Morreria mil vezes para te salvar. Minha vida não é nada para mim. – Fechou os olhos e lágrimas escorreram. – O que importa é que nenhum brutamontes a molestou. Continua pura como sempre. Eu te amo. Eu voltarei para você algum dia...

Ele abriu os olhos e fixou-os na eternidade. Partiu. Não mais vivia meu amor. Meu coração se rasgou. Como pude ser tão estupida? O que tinha que ir para o outro lado? Era minha culpa! Minha culpa... Com a cabeça dele ainda em meu colo eu beijei seus lábios. Ainda estavam quentes, mas mortos...

- Não! – Gritei. – Eu te amo! Não me deixe.

Eu gritava e chorava, meu pai que voltava da cidade, veio correndo me tirou de perto dele e me levou para casa. Foi à cidade e avisou a sua família. Meu pobre noivo ficou lá morto, o ajudante do meu pai ficou de vigia do seu corpo, enquanto os outros não o vinha buscar.

Sua família me acusou. Diziam que era minha culpa. Não pude ir ao enterro. Não comia, não dormia, queria morrer com ele. O amor me deixou naquela vida e nunca mais amaria até encontrar meu noivo outra vez.

Não pude ir em seu enterro. Sua família me proibiu. Todos os dias eu ia no seu tumulo depois que passaram os sete dias de luto e o tumulo ficou sozinho. Chorava por horas ali. Mesmo depois que me casei ainda ia lá...

Brasil ano 2000

Os sonhos sempre estiveram lá, mas nunca tinha dado importância. Até aquele dia. Eu acordei chorando aos prantos, o jovem lindo morria nos meus braços. Podia sentir o seu o gosto da sua boca e ouvir sua voz mesmo depois de acordar. Meu marido ansioso ao meu lado tentou me consolar:

- Calma, foi só mais um pesadelo. Dorme q amanhã vai estar melhor.

Eu nunca estaria melhor. Não até entender toda aquela história louca de sonhos estranhos. Eles começaram quando eu tinha dez anos. Sonhava com esse rapaz e eu juntos, numa outra cidade, não na que eu morava na época, mas em uma onde moraria depois. Onde morava no momento daquele sonho, o último deles.

Eu via nos sonhos ele e eu andando de carro, felizes, ele me dizendo que tinha me encontrado, mas eu mais velha, em outra época, anos à frente. Achava que era porque via muita tv. Nunca tinha dado importância aquilo...

Então fui embora de cidade aos 17 anos e fui parar naquela cidade, na que eu sonhava. Conheci meu marido, não o amava, mas me casei mesmo assim. Tinha que ser assim. Nos casamos da outra vez. Dessa teria que ser igual, mas eu teria que agir de forma diferente com ele...

eu sempre via o prédio branco, onde tinha visto o jovem lindo dos meus sonhos pela primeira vez. Algo me dizia que um dia aquilo se realizaria. O tempo passou...

Eu estava com vinte e dois anos. Muita briga e maltratos, ciúmes e desconfianças do meu marido. Eu era fiel, dedicada, mas não entendia aquele comportamento dele. Não sabia que vinha de antes, de tudo o que a subconsciente dele se lembrava de um passado a muito esquecido...

Eu me separei e fui a procura de casa para morar. Foi aí que eu o vi. Ele estava saindo do prédio branco. Eu estava em meio a tanto sofrimento que não mais me lembrava dos sonhos. Não tinha esperança de felicidade. Tudo era vazio e trevas em mim naquele momento. Ele viu que eu secava os olhos enquanto andava e se aproximou de mim.

- Posso te ajudar? Precisa de alguma coisa.

Eu o olhei e perdi o folego. Nossos olhos se encontraram e se prenderam, ali eu me apaixonei pela primeira e única vez nessa vida.

- Não é nada eu estou bem.

Ele me levou para uma lanchonete. Pediu um suco de maracujá para mim e tomou um café. Perguntou o que eu tinha. Disse que queria me ouvir, ouvir minha história e eu contei tudo para ele. Confiava nele como se o conhecesse a vida inteira. Mas em momento algum lembrei dos sonhos antigos.

Falei das agressões sem motivos. De que eu não podia falar com ninguém. Trabalhar fora, nem respirar alto. Do sofrimento todo que passava. De não conseguir amar ele. E de não ter separado antes por medo. Medo de que os meus filhos passassem necessidades. Falei que procurava uma casa para alugar e ele disse que tinha uma perto da casa dele. me levou lá e nos tornamos vizinhos.

No mesmo dia eu mudei lá. Eu me achava feia. Horrível. Tinha passado anos ouvindo isso. E via aquele homem tão lindo, ali cuidando de mim, sem pedir nada em troca... Me perguntava se ele fazia aquilo tudo por pena ou por sentir algo por mim...

Por dois meses ele chegava do trabalho e vinha a minha casa. Trazia coisas para eu fazer pro jantar e comia comigo e os meus filhos. Depois víamos teve e ele ia embora. Nunca tentou me beijar, ou nada do tipo. Era a pessoa mais respeitadora que conheci na vida.

Um dia me senti inquieta. Algo estava errado. Meu marido apareceu e me disse que ou eu votava com ele para casa ou tomava os meus filhos de mim. Disse que matava o cara que estava me ajudando. Que sabia que eu devia ter um caso com ele, mas mesmo assim me perdoaria. Porque era bom e justo perdoaria uma vagabunda como eu.

Me senti um lixo pior do que me sentia. Mas conhecia ele o suficiente para saber que ele mataria o pobre rapaz. Então resolvi voltar. Arrumei tudo e fui para casa outra vez. Deixei um bilhete embaixo da porta da casa dele dizendo tudo.

O rapaz não me procurou, mas passava sempre que podia enfrente a minha casa para ver se eu estava bem. Um mês depois ele me ligou. Perguntou se podia ir até minha casa. Eu disse que sim. Ele foi. Eu estava sozinha. Os meus filhos estavam na escola. Ele tinha os olhos vermelhos de quem tinha chorado. Aquele olhar. O mesmo que u já tinha visto antes... Onde?

Ele se sentou e falou que tinha recebido uma boa proposta em outra cidade. Disse que tinha que ir, mas não podia ficar longe de mim. Me convidou para ir com ele. Eu queria. Não tinha nada que quisesse mais na vida. Mas lembrei do meu marido dizendo que nos caçava e nos matava onde fossemos.

- Posso pensar um pouco. – Falei

- sim tem até amanhã cedo para me dizer. Venho assim que marido for trabalhar.

Passei a noite pensando de onde já tinha visto aquele olhar. Dormir por fim e sonhei outra vez o sonho que há anos não tinha. Lá estava eu com o moço morrendo nos meus braços. Os olhos negro dele estavam vermelhos em volta. Ele chorava. O rosto que eu nunca lembrava era o mesmo. Eu acordei e sabia quem era aquele rapaz. Sabia que se ficasse com ele, ele morreria. Não de um jeito ou de outro. Eu tinha que protegê-lo.

Acordei cedo, fiz café, meu marido saiu para o serviço e ele ligou perguntando se podia vim a minha casa. Meu filhos ainda dormiam. Disse que sim e ele veio. Eu olhava fixo para ele. Como podia ser? Eu tinha sonhado com ele antes de o conhecer, em outra época ele tinha morrido em meus braços. Por minha causa e ele estava prestes a cometer o mesmo erro... Tinha que ser um circulo e não parecia que nós podíamos fugir do nosso maldito destino.

- Não posso ir com você. Você é um ótimo amigo. Te agradeço por tudo, mas não te amo a esse ponto.

Falei de forma tão firme que até eu acreditei na minhas palavras. Ele concordou com a cabeça e foi embora. Me joguei no sofá e chorei por uma semana. Fiquei doente. Tive febre. Não comia, não vivia.

Eu não podia matar ele outra vez. Não dessa vez. Tinha que fazer tudo certo. Ele tinha que viver, mesmo sem mim...

Ele soube que eu estava doente e voltou eu fui firme e disse que nada tinha a ver com ele. Ele foi embora outra vez. Para sempre dessa vez...

Sei que ele nunca foi capaz de perdoa, ou entender, mas eu sim. Eu sabia que comigo ele morreria. E voltaríamos sempre nesse circulo. Algum tipo de maldição que eu ainda não entendia, mas nunca ficaríamos juntos uma vida inteira.

Ele continua vivo. Eu sobrevivo. Tenho o peso da verdade nas costas. Algo inacreditável. Que até eu duvido as vezes. Na outra vida ele morreu nos meus braços por uma espada. Nessa ele morreria pelas mãos do meu marido. Ou eu o mataria de outra forma. Frustraria sua vida. Ele se tornaria um morto vivo ao meu lado. Depois de ir embora da cidade ele foi embora do país. Se tivesse ido pra outra cidade com ele, ele teria uma mulher e dois filhos. Como iria para outro país?

Eu não aguentaria se ele me olhasse com aquele mesmo olhar, e me dissesse que a culpa de todos os sonhos dele terem morrido era minha. Talvez ele não falasse. Mais até onde o amor pode satisfazer uma pessoa. Talvez ele pensasse e se tornasse amargurado por não ter crescido profissionalmente por ter ficado comigo.

O fato é que eu o mataria de uma foram ou de outra.

Outro dia sonhei com ele. Ele estava lindo de terno, na presidência da empresa. Ele me sorria e dizia:

- Obrigado por ter me deixado ir. Eu te amo para sempre! Nunca vou deixar de amar... não era a hora certa, mas nossa hora vai chegar...

Acordei feliz. Porque alguma coisa me disse que essa história terá ainda um final feliz..

karla geane
Enviado por karla geane em 22/08/2012
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