Inocência nua

Há quanto tempo eu não a visitava,dirigindo com o coração na boca, as mãos suando , imaginando aqueles olhos? Será que continuavam com aquela cor de mel , doces, tão doces. Entrei com um certo medo , não sei se temos a mesma intimidade. Ah, lá estava o girassol na janela e a chaleira apitando no fogão. Ela desceu as escada com um vestido branco levemente trasparente.Não disse nada, não precisava. Terminou o chá e o serviu na mesa da cozinha. O sol entrava pela janela iluminado seu rosto, que não envelhecia.Brincou com a xícara e levantou, ouvi quando a agulha pôs-se sobre o disco ,estavamos nós ao som de "Hold Me Tight" mais uma vez.Acho que isso foi um convite para dançar, mas minhas pernas travaram ao vê-la nua sentada no sofá.

Os seios redondos quase perfeitos, a boca de pessego,o ventre liso, e os olhos... De repente estalando os dedos ela veio até mim acompanhando a música e dançamos por muito tempo até ela resolver correr para o jardim , nua.Regou as plantas e depois regou a si mesma , acho que esperava crescer, virar gente, mas eu já não tinha esperança. Aquela inocência não se perderia seria criança para sempre.Deitou na grama, percebi que escorria mel dos seus olhos, mel? Sim, porque era doce , não me surpreende. Não lembro de ouvi-la falando sobre salgado, armago ou aspero. Não sabia o que era, não conhecera o lado ruim das coisas. Se ela vivia nesse mundo Ah sim, mas escolheu não saber. Ficamos tão tentados a dor que não vemos que é opicional. O ruim é misterioso cor de vermelho.Já as coisas bonitas chegam nuas, transparentes parecem tão simples que a gente ignora sabe? Joga fora!Ela fechou os olhos e sonhou, sonhou com borboletas de asas douradas.