Pedro e André eram amigos inseparáveis.
As pessoas elogiavam demais aquela união.
A amizade deles expressava uma beleza fascinante.
Os laços do coração os ligavam desde a tenra idade.
Moravam na mesma rua, brincavam juntos, estudavam no mesmo colégio, freqüentavam os mesmos lugares, paqueravam unidos, enfim, revelavam uma ligação muito especial.
Ver os dois rapazes interagindo despertava bastante satisfação.
 
Pedro possuía uma irmã adorável.
Com seus dezessete anos, ela acompanhava quase sempre Pedro e André. Eles haviam completado vinte anos, um no mês de maio, o outro no mês de junho.
Dessa forma Ana se sentia segura ao lado da dupla, porém às vezes os pais dela não aceitavam que ela acompanhasse o irmão mais o amigo.
Ana ficava chateada, no entanto esquecia o “castigo” curtindo músicas no seu quarto enquanto os dois estavam em algum lugar inapropriado para a mocinha.
Após algum tempo, André demonstrava um humor bem mais entusiasmado se Ana seguia com ele e o irmão.
A amizade entre Ana e André ficou estreita demais, ganhou um intenso colorido e culminou num inevitável namoro.
Pedro aprovou, os pais também. Ana não mais foi colocada de castigo, pois namorava no portão com André e os programas dos dois agora nunca deixavam a graciosa jovem excluída.
Às vezes, quando a curtição era mais apimentada, Pedro saía sozinho, deixando a irmã envolta nos galanteios do grande amigo-irmão.
O romance seguia da melhor forma possível.
Pedro brincava com a situação:
_ Andrezinho querido, já somos amigos, também somos irmãos, mas você se tornar meu cunhado já é demais, não?
Os dois sorriam um bocado.
 
Numa manhã chuvosa, Ana regressava das habituais aulas de inglês e desejou conversar com Pedro.
Os dois, sentados no sofá, iniciaram o papo. André notou Ana meio aflita.
_ Algum problema, Aninha?
Não havia mais ninguém na casa, contudo ela demorou de esclarecer sua inquietação.
_ Eu conheci um garoto, Pedro! A gente vem conversando demais... Hoje ele me deu um beijo, terminei correspondendo! Não sei o que fazer, pois André é tão bacana...
Pedro não esperava aquela revelação.
A irmã explicou que o encantamento veio crescendo há umas duas semanas, que, além do beijo roubado de hoje, nunca ela alimentou qualquer esperança do garoto.
Segundo Ana, o tal “garoto” de dezesseis anos era muito estudioso, já trabalhava e estava disposto a vir falar com os pais deles.
Apesar de saber que existia um namorado, ele nunca desistiu, pois percebeu que ela estava balançando os fios do sentimento.
A donzela encerrou a conversa esclarecendo que não achava justo insistir com André, por isso pediu ao maninho que à noite, quando André viesse vê-la, fizesse a dura revelação.
Num primeiro momento, Pedro não concordou, porém, com um jeito bem dengoso e após um beijo suave na testa, ele topou executar a missão delicada.
 
Durante a noite, Pedro levou André até uma praça próxima alegando que precisava conversar.
André aceitou no ato.
Ana não apareceu para dizer nada. Ela estava no quarto tentando imaginar qual seria a reação do ex-namorado, torcendo para que tudo terminasse bem.
Na praça, num banquinho largo, André começou a falar:
_ Pedro, jamais eu desejaria magoar sua irmã. Eu gosto muito de Ana.
Pedro silencioso aguardou a continuação daquela fala inesperada.
_ Há dois dias conheci uma moca que não sai da minha cabeça. Quero que você entenda...
Pedro surpreso começou a sorrir. André não entendeu coisa alguma.
Pedro, experimentando um grande alívio, falou:
_ Andrezinho querido, eu acho que a gente deve continuar sendo grandes irmãos e excelentes amigos.
_ E cunhados? André perguntou confuso.
_ Cunhados já é demais, você não acha?
Naquele exato minuto os dois nada mais puderam conversar, pois surgiram três colegas propondo uma visita na casa de quatro garotas que estavam de bobeira no bairro.
Cinco minutos depois, todos seguiam animados até o local da aventura proposta.
Dessa vez André não se preocupou nem um pouquinho com a ausência de Ana e Pedro esqueceu todo o conflito que o trouxe até a praça.
Lá, no quarto, Ana pegou no sono. Parece que sonhava com o tal garoto, pois sua mãe, adentrando o quarto para desligar a luz, notou a jovem apaixonada sorrindo gostoso.
 
No mês seguinte, Juca, o garoto, todas as noites namorava Ana no portão da casa dela, André não teve sucesso algum com a moça que citou a Pedro na praça, os dois permaneciam saindo juntos rumo a programas sempre variados...
Cada vez mais amigos!
Cada vez mais irmãos!
Mas cunhados os dois concordavam plenamente que seria demais!
 
Um abraço!
Ilmar
Enviado por Ilmar em 03/11/2012
Reeditado em 03/11/2012
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