Capítulo 1

Mundi est iden.

Um comprador perderá o imóvel logo em seguida da compra.O vento desabará um farol no dia da inauguração. Farol sem luz que será vendido quando um exército for refutado apenas pela força da alma. Será descoberto um tratado na terra vazia onde a solidão é um perverso veneno. De fato um pescador velho apresentará o seu tesouro aos homens do cais numa noite de calmaria: Eis a sereia pescada num dia em de céu à cor de malva. A primeira verdade redimida das lendas para a realidade para adornar teu sonho ao divino e irresistível canto. Decerto adornar teu sonho a divina e irresistível melodia dos enganos soa como lisonja milenar. O gênio do mar através dela será como a fumaça no cortiço das abelhas, arremessará ondas sobre os solitários passos da areia. Decerto no ano que nasceu a sua mãe a Pérsia passou a se chamar Irã e todas estas coisas ocorreram no dia do teu nascimento.

Todos conhecem a força do teu olhar. Conhecem a virtude dessa calma fortaleza... O caráter forte sobre o signo da calmaria suporta a turbulenta vida diária imersa em objetos e imperfeições. Sabemos apenas que na acumulação de alegria penetramos numa viagem ao recôndito das flores. No mesmo instante em que se produzem as cores... Ali habita o mundo verdadeiro. Mundo que ninguém mais vê nem cultua e que segue produzindo, sem que compreendessemos, a mais nova calmaria nesse mar de angústias; através da simples lembrança de renovadas cores no recôndito das pétalas coloridas. Seria vaidade ou sinal profundo de coisa? Seria a beleza um erro adquirido injustamente? Època em que para adquirir ninguém mais admira o feito como um mistério profundo. Cultiva olivas e a azeitona é menos querida do que um sentido para o mistério.

Vaidosos que somos de nossa ignorância que tudo torna ordinário. Sabemos que a vaidade comporta um balde de estrelas ociosas como as notas musicais para um dia de felicidade. A vaidade segue contrariando muitas vezes a verdade no espelho da imaginação. Melhor dizendo: temos esta cratera de estrelas por sobre o universo concebido que é sempre pacificado no sono profundo e repousado como uma aquisição total. Mas a ilusão mal compreendida é como um colmeal no leito do rio, para aviso a quem deseja se entregar ao primeiro ouro do desejo.

Harmonia. Simetria. União. Elementos que dão a mistura de coisas na primeira perfeição de um prazer ainda vago. Queria poder sonhar lindamente a reconstituição da história em verdejantes pastos! Pois quando observo tua arte vencida sobre o inadvertido fracasso recupero o sonho mal conquistado, e assim lamento a alma cruel que se aplica a conquistar objetos de maneira maviosa. Alma que de tudo se apropria como um ladrão de donativos, vil, alucinado, perverso, mercenário de equívocos incensados. Turbado pelo vazio de outrora acumulado de duvidas e dividas ao mesmo tempo confusamente em ordem. Mistérios relativos a conglobação do universo que viverá sempre melhor onde nunca estamos... Essa percepção de ausência para o qual é não estar e ser ao mesmo tempo... Procura manter a firmeza nas hostilidades e poesia na mesa.

Sumariamente o vento derrubou o vetusto eucalipto no solitário campo abandonado na planura. Transporte para a cena das raízes expostas como nervos. Ó vento! Cuida bem da vinha em minha casa, pois do contrário será tão pouco o apetitie da alegria. A alma é vale profundo que se aquieta ainda mais em bonomia. Seria tão bom voltar a ser feliz neste exato instante de impermanência... Ser alegre para beber a ligeireza da felicidade mergulhada na amplitude. Salvar de si a palavra que serve para acalmar o vento pela fluência da voz. É a palavra na ilusão da voz quem celebra essas auroras azuis e sanguíneas.

Pressa, presteza e velocidade aborrecem aquele que vive alheado do mundo desesperado. Na imobilidade contemplativa podemos sentir o pouco que resta da suave brisa marinha. Ninguém se permite viver mais na afluência das palavras amáveis e emocionais. Tudo quer escarnecer, falsetear, moer, agarrar, tirar da pedra a luz. Impor a mofa e o escárnio como um escudo feito de cinismo prático. Tens esposa de fraude? Vales a gota pingada de água na torneira do mesquinho diante da sede universal? O mundo é o mesmo.

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