Duas Irmãs

Ela abriu os olhos naquela manhã gélida de inverno fitou o teto um pouco e relutante se levantou, ela adorava acordar cedo, mas não podia aguentar aquele dia, não queria vivê-lo, com os cabelos ainda desalinhados abriu a janela e o vento esfriou seu corpo, não estava usando o traje certo para fazer isso, mas não se importava em ficar doente. Olhou para a paisagem congelada e desejou que o tempo estivesse parado.

-Por que na vida as coisas são assim? Tudo flui tão rápido... Que... Acabamos perdendo oque realmente importa na vida... Mas o que realmente importa?

Ela deu as costas para o mundo lá fora e se dirigiu ao banheiro, oque o espelho lhe mostrou foi um eu envelhecido, mostrou-lhe marcas de uma idade que não tinha e olheiras de noites que não dormira.

- Quantos dias eu passei acordada sem realmente estar? Eu despertei, mas não me movi, girei na cama incessantemente hora após hora.

Ela lavou o rosto, mas quando fitou o espelho se sentiu mais velha, lembrou-se da ultima briga que tiveram aonde sua preciosa lhe disse que jamais queria vê-la novamente.

“- Com esses meus dois braços eu vou lutar pela minha independência! Eu vou erguer minha cabeça todos os dias porque eu não me arrependerei de buscar crescer."

Os olhos azuis por um instante pareceram completamente cinzas, a lembrança daquele dia, daquele ultimo dia entre elas.

Nunca mais.

Será que arrependimento é realmente capaz de matar? Porque Lucíola estava morrendo. Desde o dia em que soube que sua irmã mais nova estava gravemente ferida depois de um acidente na fabrica aonde tinha acabado de começar a trabalhar. No hospital eles afirmaram que ela não iria sobreviver, Lucíola amaldiçoou a si mesma quando percebeu que suas ultimas palavras para sua linda irmãzinha foram:

"- Você nunca será nada mais do que o trapo que já é. Vá ladrar sobre liberdade em outro canto, pois fui eu que sustentei todos os seus sonhos até ontem!”.

Lucíola ergueu sua cabeça lentamente quando um raio de sol tímido iluminou seu rosto, ela fechou os olhos e chorou. Naquela noite sua irmãzinha morreu. E toda a sua felicidade morreu junto...

Talvez na vida [e na morte] algumas palavras ríspidas devam deixar de ser ditas, talvez um suspiro salve uma lagrima, e um abraço salve uma vida...

Rosa de Almeida
Enviado por Rosa de Almeida em 21/01/2013
Código do texto: T4095843
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