ZÉ - Parte 02

Seguindo a sugestão de meu amigo Trovador das Alterosas, a quem agradeço, decidi dar continuidade à história do ZÉ. Ainda não sei o que acontecerá com este personagem. Sei apenas, que ele está tomando conta de mim. Vamos ver por onde mais ele me conduzirá. Porque, já percebi, é ele quem dirige esta história. Abçs a todos e um especial para o ZÉ.

---------------------------------------------------------------------

Sentado à beira da cama, Zé olhou para a companheira. Adormecida, num sono solto e tranquilo.. Os cabelos espalhados pelo travesseiro eram uma moldura para o rosto moreno e de traços suaves. Nos lábios um sorriso desenhado. O que estaria sonhando?

Levantou-se com cuidado para não despertá-la.

Na cozinha, pegou algumas achas de lenha, empilhadas num canto. Cuidadosamente, ajeitou-as no fogão. Algumas palhas secas de milho, o fósforo riscado e logo as fagulhas subindo pelo ar. O crepitar da lenha quebrou o silêncio da cozinha.

Encheu a chaleira com água direto da pia. Sim, água da pia, puxada pelo motor. Um conforto que ele fazia questão de oferecer à mulher. Assim como a energia elétrica, pela qual tanto batalhou para que chegasse ali. E que era o deleite da amada na hora da novela.

Certas coisas da civilização urbana, Zé reconhecia serem necessárias.

Por ele, continuaria com a água puxada do poço, lá no quintal. E sem televisão, antena parabólica, nem nada.

Às vezes, até arriscava uma olhada no noticiário. Mas era sempre a mesma coisa, não era não? O custo de vida lá no alto, violência, violência. E guerra pelo mundo. Ele, definitivamente não se acostumava com isto.

Chaleira no fogo, lá foi Zé, para o riacho. Não que não tivesse pia, no banheiro bem equipado, com chuveiro e tudo. Mas ele gostava era do riacho.

Ficou um bom tempo olhando as plantas no leito raso, os pequeninos peixes deslizando rápidos na água límpida.

De volta à casa , coador no bule quase cheio com o café por ele plantado. A água quente soltou borbulhas, ao encontrar o pó. E o cheiro fresco perfumou toda a cozinha. Uma colherada de açúcar, mais uma e basta. Zé gostava do café forte. O pão caseiro aquecido na chapa do fogão, uma passada de manteiga batida na véspera, se espalhou derretendo. Café no copo, a grossa fatia de pão na mão, foi para a varanda junto à cozinha.

Era ali, no silêncio do dia que começava, o lugar preferido para o seu café. Sentado à mesa de madeira, agradeceu em silêncio aquela refeição.

Logo, o sol foi se erguendo lá longe onde a vista alcança.

Um galo tardio, cantou. E a vida foi acordando.

_ E aí, meu velho ? Dormiu bem?

Era a mulher risonha e ainda sonolenta à soleira da porta.

Olhou-a, com paixão. Zé amava aquela mulher. Amava seu pequeno, amava aquela vida. Por eles teria que tomar a decisão que lhe teimava no pensamento.

E sabia, tinha que ser logo.

Nuria Monfort
Enviado por Nuria Monfort em 23/01/2013
Reeditado em 23/01/2013
Código do texto: T4100492
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.