AS CANTORAS BÚLGARAS
A instabilidade emocional e as saídas constantes, em busca de bebida, faziam as ausências de Zé Luiz serem sentidas por Maria Amélia e pela pequena Flor.
Mãe e filha ficavam a sós na casinha simples e a beira mar. A mãe procurava, com a sensibilidade que só as mães é concedida, povoar o imaginário da pequena Flor com histórias coloridas.
Todas as manhãs, as duas instalavam-se em frente ao televisor, onde assistiam a um Programa Infantil em que apresentava-se um Grupo Musical composto por bonecas falantes, que com um timbre irregular, cantavam alegres canções em um estranho idioma. Eram as Cantoras Búlgaras.
Era um momento bonito, alegre e inesquecível, de aproximação entre mãe e filha. Era a hora em que as duas também cantavam. Em uníssono. Elas transportavam-se para um mundo dourado e distante, o qual, talvez e de forma inconsciente, Maria Amélia desejasse para a filha.
Sim a mãe esperava, que através da arte, a caminhada da menina fosse mais leve, assim como leves eram aquelas manhãs ao som das Cantoras Búlgaras...
(Com carinho para Milena)