CARA A CARA

_Precisamos conversar. Calma, não farei mal a você, mas desejo saber o motivo que o leva a querer estar em todos os lugares em que estou. Pensei que fosse admiração, depois, uma inveja boa (existe inveja boa?), no entanto, ainda não consegui uma explicação clara. De fato, minha fortuna e bens podem causar-lhe inveja, também a minha saúde e corpo viril, sem contar o sucesso que faço com o sexo oposto. É verdade. Sou um homem de muita sorte. Confesso que estou quase tentado a lhe dar razão por você me perseguir e querer roubar a minha vida, mas rapaz, não caia no vício dos homens de pouca fé. Construa o que é seu!

O homem de cabelos negros, pele clara, olhos gordos e gestos hiperbolizados ouvia todas as reclamações de seu inquisidor. De fato, a verdade era aquela. O homem inquisidor espreitava o inimigo para descobrir-lhe as secretas intenções malévolas, afinal, tanta perseguição não poderia ser coisa boa, contudo, após cada pausa de perguntas, as respostas não vinham. O acusado silenciava assinando, quem sabe, sua própria sentença. O inquisidor, um pouco mais enfurecido e determinado a elucidar a perfídia que certamente estava por trás daquele farsante, resolve agir com métodos menos racionais.

_ Bem... Já que não fala nada... Vejamos se por acaso VOCÊ SENTE!

Pow! Pou!

Estilhaços no ar! O soco foi o suficiente para eliminar o espelho. O louco finalmente acabava com o reflexo inimigo.

Eliane Vale
Enviado por Eliane Vale em 11/03/2013
Reeditado em 11/03/2013
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