AMAR FATAL

Naquele dia, em vez de uma flor sobre o caminho da amada que nunca se dignou a olhar para ele, acertou-lhe uma pedra de finíssima ponta na testa. Instintivamente, antes de desabar no solo em consequência do trauma sofrido, ela voltou a cabeça em sua direção. Pôde ele então perceber que eram azuis os seus olhos e a pele, de um macio acetinado.
Guardou em uma caixa de joias a pedra tinta de sangue e com alguns filamentos de ossos da mulher silenciosamente desejada por anos a fio. Foi a única pessoa a conservar recordações palpáveis daquele corpo agora envolto por granito branco.
Alfredo Duarte de Alencar
Enviado por Alfredo Duarte de Alencar em 06/06/2013
Reeditado em 12/01/2016
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