GRANDES MEDOS

Medo tive eu, mal eu me continha, quando saístes sob pesada chuva, sem capa nem sombrinha, calçada em mera sandália rasteira. Tinhas medo de não sair se perdesses o ímpeto de deixar a casa naquele momento e nas condições adversas em que te fostes. Recusastes a proposta para que eu te levasse em meu próprio carro e não esperastes a chegada do táxi que chamei por telefone.
Medos ... tremíamos os dois, por motivos diversos. Eu, de que algum mal te impedisse de chegar viva ao destino. Ou, na melhor das hipóteses, de que não concluísses totalmente ilesa o percurso. Teu medo - Ah! O não tão recente medo - de que, ficando uma fração a mais de instante, nunca viesses a pôr em prática a decisão de me dar adeus. Melhor dizendo, de me deixar, visto que não disseste absolutamente nada, fosse em palavras ou através de um gesto capaz de simbolizar o definitivo rompimento.
Em vista de não teres atendido aos meus telefonemas nem emitido respostas às mensagens que postei através de meios eletrônicos diversos, resta-me perguntar:
Como te encontras?
ONDE?
COM QUEM ESTÁS?
Alfredo Duarte de Alencar
Enviado por Alfredo Duarte de Alencar em 13/06/2013
Reeditado em 14/06/2013
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