A consciência de Joaninha.
A consciência de Joaninha
Joaninha era uma menina apática, filha de uma família humilde e numerosa.
Estava sempre triste e ocupada. Não vira a infância passar, trabalhava e trabalhava.
Tempo para si não havia, não tinha amigos e nutria uma ansiedade severa.
Carinhos nunca sobravam para a menina, contudo, broncas e esparrelas a ela eram dirigidas. Aquilo a deixava perturbada, e a sensação de estar todo o tempo errada, no lugar errado. O sintoma embrulhava-lhe o estômago, a quem recorrer nunca soube.
Em uníssono diziam todos:
- Essa criatura é louca. Tais palavras tal qual ácido corroíam sua alma, seu espírito. Quanto mais tentava se adequar ao ambiente, às pessoas, crescia a sensação de não pertencer àquele espaço.
Fora crescendo e a solidão era sua grande companheira, esperava que todos dormissem para chorar, e chorava muito; até entregar-se ao total desespero e acabava por dormir.
Tornou-se uma mulher até bem bonita, porém triste, sem vida, e sem encontrar a resposta à sua pergunta: A que mundo pertencia?
Sempre ansiosa, tensa. Embora tenha tentado de todas as formas fazer parte do cenário onde vivia, jamais conseguira. Estivera todo o tempo atrás dos bastidores.
Era uma mulher madura quando a consciência apossou-se de Joaninha e a resposta viera-lhe. Compreendeu então, que as pessoas revestem-se de autoridade e poder e sentenciam um inocente; e não raras vezes essa injustiça acontece dentro de um lugar chamado “lar”.
Joana desde tal ocasião constatou que o amor, o carinho, a amizade e o respeito são sentimentos voluntários e gratuitos; livres de qualquer ônus ou tributo.
A Joana coube romper com delicados laços, sem profundidade alguma.
01/04/07.
Efigênia.