SUPERAÇÃO

Finalmente Felipe encontrava alguns momentos de folga onde poderia “respirar” um pouco, fazer algo que há meses não podia. Era um tempo de muitos projetos em que ele esteve muito ocupado que tinha finalmente terminado. Iria ele finalmente jogar tênis com um amigo o qual cultivava uma saudável rivalidade no esporte. Seu amigo havia levado um amigo dele, mas Felipe inicialmente só pensava em vencer seu rival das quadras. Mal sabia ele o que estaria por vir.

Faziam os três um acordo para saber quais os dois primeiros que jogariam e então iã para a quadra Felipe e seu amigo. Começava então o jogo que como sempre mostrava-se bem disputado. Felipe lembrava que havia perdido na última vez e isso lhe incomodava bastante, não queria perder novamente, mas o jogo ia se tornando difícil e mesmo tentando muito a vitória acabou derrotado. Teria ele então que esperar o jogo de seu amigo com o convidado dele.

Pensava Felipe consigo mesmo que melhor se fosse embora dali, pois seu objetivo maior era vencer seu amigo, mas ele não suspeitava que seu próximo jogo de tênis ia marcar tanto. Terminava finalmente o jogo daqueles outros dois que estavam na quadra com ele. Seu amigo derrotava pela primeira vez, durante um jogo muito disputado, aquele que ele tinha convidado.

Teria início então aquele jogo que se pensava ser tão despretensioso e de pouca motivação, pelo menos para Felipe. Ele começava perdendo e já começava a se preocupar. Perguntava-se: “será que irei perder novamente?”, estava ele lembrando de um tempo em que, quando pensava isso, era certo que perderia. Rapidamente vinha outro pensamento em sua cabeça: como era que ele conseguia passar de uma fase derrotista para outra de vitórias? Tentava desesperadamente lembrar isso de um modo que o usasse para reverter o quadro não satisfatório do jogo daquele instante. Ia perdendo, mas era por pouco e sabia que podia virar, mas faltava ter mais motivação e acreditar nisso. Eis que ela chegou com o que estava percebendo de seu oponente. Via que ele estava reclamando demais dos pontos perdidos, como se fosse uma lástima ou algo inacreditável perdê-los. Felipe então enxergava nisso certo desmerecimento de seu jogo. Então mal sabia seu oponente que tinha ativado o mecanismo mais eficiente de motivação de Felipe. Agora ele faria de tudo para vencer. Até pensar em quem estava muito distante dali e incluí-la de alguma forma de razão de sua vitória.

Então o jogo melhorou muito: trocas de bola das mais disputadas, mas Felipe ainda continuava atrás no placar. Estava 3 a 2 em games para seu oponente, de um jogo de apenas um set. Tentava Felipe de todo modo devolver a quebra de serviço, afinal empataria o jogo se conseguisse. E então ele conseguia virar o jogo para 4 a 3. Tinha agora razões para acreditar mais um pouco na vitória. Não duraria muito esse seu sentimento. Via então o jogo voltar a um placar desfavorável para ele. Depois de um ponto que havia sido disputado onde os dois jogadores rebateram bolas quase perdidas que terminaria com um erro de Felipe, jogando a bola na rede, o placar marcaria 6 a 5 com Felipe em desvantagem. Mais um game perdido e Felipe sairia derrotado. Começava Felipe a não acreditar mais em sua vitória, pois não sabia mais o que fazer para triunfar. Eis que um belo lob, jogada onde um jogador encobre seu oponente, uma especialidade de Felipe, o fez ter alguma esperança no jogo. E ele enfim consegue vencer aquele game, mesmo com seu oponente sacando. Jogariam então o tie-breaker, o game que decidiria o jogo. Felipe já havia conseguido o inimaginável de igualar novamente aquele jogo, então dali pra frente já acreditava em sua vitória. Então entrou arrasador no game decisivo e conseguiu vencê-lo até de maneira surpreendentemente fácil. Conseguia então uma das vitórias suas em que mais se viu com garra e determinação. Notava que tirou forças de onde não sabia que existiam. Aquela simples partida tinha trazido para ele o verdadeiro valor e significado da palavra superação.

Frank Santos
Enviado por Frank Santos em 06/04/2007
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