SOLIDÃO

Ícaro acordava naquele dia e não entendia bem onde estava, parecia uma sala escura cheia de espelhos e com numerosas imagens brilhantes de pessoas que pareciam piscar. Ele as via e notava que algumas pareciam realmente pessoas reais que estavam ali com ele. Quando se aproximava conseguia até ter quase a convicção que não estava só. Mas olhando melhor notava que aquelas imagens iam desaparecendo. Cada vez mais ia se conformando com idéia da solidão permanente. Ia perdendo uma a uma, e com elas toda aquela esperança de sair daquele triste estado. Quando quase não agüentava mais a sensação de vê-las sumir, viu uma, que mais que as outras, parecia ser real. Só que ela era muito inconstante, trazendo para ele, algumas vezes, a certeza de que era real e em outras ocasiões o contrário. Ele realmente não tinha certeza se devia mesmo acreditar, vivia tentando decifrar tal enigma que mostrava-se cada vez mais insolúvel. Paralelamente a isso, ele, principalmente quando se via completamente só, sentia uma presença de alguém que parecia sempre estar a seu lado, alguém que mesmo que não fosse visível lhe dava algumas respostas que o mantinha ainda de pé e acreditando que, além de nunca na verdade ter estado só, algo de bom um dia estaria guardado para ele. Era só esse dia chegar, mas quando? Ele mesmo teria que de alguma forma, que ainda não conhecia, fazer com que essa resposta existisse. Construí-la então, se preciso fosse.

Frank Santos
Enviado por Frank Santos em 06/04/2007
Reeditado em 07/04/2007
Código do texto: T439739